A Yara, uma das líderes globais do mercado de fertilizantes, decidiu reforçar as equipes responsáveis por disseminar a adoção de insumos biológicos no campo. A companhia fez um acréscimo de US$ 40 milhões em seu plano imediato de investimentos em bioinsumos, um recurso que usará integralmente para fazer novas contratações.
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Os profissionais atuarão na frente de “geração de demanda”, como define Rejane Souza, vice-presidente sênior global de inovação da empresa. “São pessoas com capacidade de fazer vendas técnicas e oferecer mais treinamento para os agricultores”, disse a executiva em entrevista que concedeu no edifício-sede da Yara, em Oslo, na Noruega. O Brasil ficará com metade do aporte adicional.
O reforço é necessário, segundo ela, porque, ao contrário do que ocorre com os fertilizantes à base de nitrogênio, fósforo e potássio — os macronutrientes conhecidos pelas iniciais NPK —, os bioinsumos exigem uma venda em que o agricultor compreenda “a proposta de valor” do produto. “Não é uma venda de ‘trading’, que o agricultor vai cotar e decidir com base apenas no preço”, afirmou. “É uma venda em que é importante demonstrar os resultados [da aplicação do bioinsumo] naquela cultura específica”.
O investimento de US$ 40 milhões soma-se aos US$ 150 milhões que a companhia está desembolsando para construir uma nova fábrica de biológicos no complexo de Howden, no Reino Unido. A unidade britânica foi o marco de estreia da Yara no mercado de biológicos — a entrada ocorreu em 2006, quando a empresa comprou a Phosyn, então dona da fábrica.
A outra unidade de bioinsumos da companhia no mundo fica em Sumaré (SP). Com os aportes, a planta britânica, que entrará em operação em 2026, poderá ter capacidade de produção de até 80 milhões de litros por ano, e a brasileira pode chegar a até 50 milhões de litros anuais. Segundo a executiva brasileira, essa estrutura é capaz de atender as necessidades da multinacional ao menos até 2030.
“Depois disso, a gente vai ter que começar a olhar outras oportunidades”, afirmou. Com uma “estratégia flexível”, como define a vice-presidente, a Yara pode tanto fazer aumentos de capacidade na estrutura atual quanto considerar alternativas de fusões e aquisições. “É algo que estamos sempre olhando”, disse ela.
Rejane Souza lidera todas as iniciativas de inovação da Yara no desenvolvimento de produtos. Nessa frente, segundo ela, bioinsumos são uma das linhas mestras, formando um tripé com descarbonização da produção e saúde do solo.
Parte do trabalho de pesquisa ocorre em colaboração com startups, que podem oferecer uma tecnologia que complemente iniciativas ou produtos que a Yara já tem, e em parceria com 100 universidades e centros de pesquisa do mundo todo. Desse total, 50 ficam no Brasil.