
Não é novidade que as abelhas são atraídas pela cor e aroma das flores quando procuram néctar para se alimentar. As pequenas, claras e de floração em massa, como brancas e amarelas, por exemplo, lideram o ranking de preferência.
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Mas você sabia que outro sentido também entra em cena no processo de polinização? A afirmação pode parecer estranha, mas, segundo cientistas da Universidade de Tel Aviv, em Israel, as plantas conseguem “ouvir” o zumbido de insetos voadores pela vibração das asas e aumentam a doçura do néctar em apenas três minutos.
A pesquisa utilizou nos testes a Oenothera drummondii, planta originária da América do Norte, especialmente Texas, nos Estados Unidos, e México, e conhecida popularmente como onagra-dourada. Ela possui flores amarelas delicadas que abrem no fim da tarde, atraindo as abelhas.
“Nós medimos a vibração das pétalas e a concentração de açúcar no néctar em resposta a sons. Analisamos o efeito de diferentes frequências sonoras, incluindo gravações de polinizadores e sons sintéticos em frequências semelhantes e diferentes. Mostramos que os sons dos polinizadores e os sinais sonoros sintéticos em frequências semelhantes causam vibração nas pétalas e evocam uma resposta rápida: o aumento na concentração de açúcar”, descreve o documento.
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Para chegar ao resultado, a planta foi exposta a cinco tipos de reproduções sonoras – gravações de abelhas, três estímulos artificiais e o silêncio – divididas em quatro experimentos independentes com mais de 650 flores cultivadas pela Universidade de Tel Aviv.
Em cada um, os pesquisadores mediram a concentração de açúcar no néctar para detectar em quais deles havia ou não alteração.
“Descobrimos que as flores produzem néctar com concentração de açúcar significativamente aumentada de 1,2 após a exposição à reprodução do som natural das batidas das asas das abelhas em comparação com flores expostas a sons de alta frequência ou a nenhum som. O mesmo resultado foi obtido para sons artificiais com frequências semelhantes às das abelhas”.
Conforme a pesquisa, o aumento da concentração de açúcar pode, além de melhorar o processo de aprendizagem dos polinizadores e facilitar a constância de visitas à determinada espécie, aumentar a permanência do inseto na planta.
“Os polinizadores podem se beneficiar dessa concentração. Isso também pode resultar em um número maior de flores visitadas, possivelmente, levando à autofecundação geitonogâmica. Nossa hipótese é que a flor serve como um ‘ouvido’ externo em termos de recepção de sons aéreos de polinizadores”.