
Criado com o objetivo de inovar e atrair novos públicos, o vinho azul vem chamando atenção por fugir dos padrões tradicionais da bebida. Com coloração intensa, que varia entre azul royal e turquesa, o produto gera debates entre consumidores, produtores e especialistas.
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O vinho azul foi desenvolvido pela startup espanhola Gïk, fundada em 2015 por um grupo de jovens empreendedores do País Basco. A criação da bebida envolveu apoio técnico de engenheiros químicos e pesquisadores da Universidade do País Basco e da Universidade Politécnica de Valência, com o objetivo de lançar um produto inovador que rompesse com os padrões da vinicultura tradicional.
Segundo a empresa, a proposta era desenvolver uma bebida alcoólica à base de vinho, feita a partir de uvas brancas e tintas, com adição de pigmentos naturais — como a antocianina, presente nas cascas das uvas tintas, e a indigotina (corante alimentar azul). Também são utilizados edulcorantes para realçar o sabor. O resultado é um produto de teor alcoólico moderado, coloração azul vibrante, sabor adocicado e perfil frutado, com características próximas às de um coquetel.
Vinho azul Gik
Divulgação
Por que o vinho azul não é reconhecido oficialmente
Apesar da popularidade crescente, o nome “vinho azul” não é aceito oficialmente por órgãos reguladores em diversos países. De acordo com a legislação da União Europeia, apenas bebidas obtidas exclusivamente da fermentação de uvas — sem adição de corantes, aromatizantes ou adoçantes — podem ser classificadas legalmente como vinho (Regulamento nº 1308/2013).
A polêmica se intensificou em 2017, quando a Associação Espanhola do Vinho (AEV) solicitou formalmente que o produto da Gïk deixasse de ser rotulado como “vinho”. A entidade argumentou que não existe uma categoria reconhecida de vinho azul na regulamentação europeia. Como consequência, a Gïk precisou alterar sua rotulagem, passando a comercializar o produto como “bebida alcoólica aromatizada à base de vinho”, em conformidade com as exigências legais.
Mesmo diante das restrições, a inovação se espalhou. Marcas de países como França, Chile e Estados Unidos também passaram a produzir e exportar vinhos azuis, ampliando a presença do produto no mercado global.
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No Brasil, o vinho azul pode ser encontrado tanto em versões nacionais quanto importadas. O rótulo Blue Ice Don Patto, por exemplo, é comercializado por cerca de R$ 59,90 a R$ 69,90 (750 ml). Já versões importadas podem custar até R$ 400, dependendo da marca, safra e do distribuidor.
Com coloração incomum, baixa acidez e teor alcoólico entre 8% e 11%, o vinho azul tem sido visto como uma alternativa para consumidores que preferem bebidas mais leves e visuais, especialmente em contextos