
As lavouras de trigo do Rio Grande do Sul avançam para a fase final do ciclo, com bom desenvolvimento e potencial produtivo elevado, segundo levantamento da Emater/RS-Ascar. A maior parte das áreas, o equivalente a 58%, está entre o enchimento de grãos e a maturação fisiológica, com 18%, enquanto as semeaduras mais tardias seguem em espigamento e floração, com 20% da área. A colheita ainda é incipiente, alcançando menos de 1% da área cultivada.
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De acordo com o relatório, as lavouras com maior nível tecnológico apresentam boa uniformidade e sanidade, com produtividade esperada acima de 3,9 mil quilos por hectare. Já as áreas de menor investimento também mantêm desempenho satisfatório, favorecidas pela regularidade das chuvas ao longo do ciclo. Apesar disso, parte dos cultivos registrou redução no número de espigas por metro quadrado, reflexo das chuvas intensas após a semeadura e das geadas ocorridas durante o perfilhamento.
A área cultivada com trigo no Rio Grande do Sul foi inicialmente projetada em 1,19 milhão de hectares, com produtividade média estimada em 2.997 quilos por hectare.
Segundo boletim da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), apesar das dificuldades enfrentadas pelos produtores, como o acesso ao crédito, as lavouras estão em boas condições, mas estamos em um momento decisivo para garantir as condições da safra, que iniciou lentamente a colheita no Rio Grande do Sul mas que irá se intensificar entre novembro e dezembro.
“O consenso é de que a lavoura está muito bonita e sadia este ano, condição considerada excelente. Temos uma previsão de boa safra e de qualidade. O mais importante agora é torcer por pouca chuva, para garantir uma boa colheita”, disse o diretor do Moinho Taquariense Motasa, Andreas Elter, no boletim.
O superintendente da Abitrigo, Eduardo Assêncio, destacou a importância do Estado para o setor. “O trigo gaúcho é altamente relevante no mercado, e precisamos entender em detalhes o que teremos disponível na safra 2025 do Estado. As condições de colheita estão adequadas e há uma forte consciência entre os agricultores quanto à qualidade. Esperamos uma safra boa, dentro dos altos padrões tecnológicos que a região conquistou”, afirmou.
A Emater destaca que o clima recente, marcado por chuvas frequentes, alta umidade e períodos de nebulosidade, tem contribuído para o avanço das lavouras, mas também aumentado o risco de doenças nas espigas, especialmente giberela. Para reduzir os impactos, produtores vêm realizando aplicações preventivas de fungicidas, principalmente nas fases de floração e enchimento de grãos. As doenças foliares, como ferrugens e oídio, estão controladas, enquanto casos de bacterioses e podridões radiculares são pontuais, concentrados em áreas com baixa rotação de culturas e solos compactados.
Com o trigo se aproximando da colheita, a principal preocupação dos agricultores é o excesso de umidade, que pode afetar a qualidade industrial e o peso hectolitro dos grãos. A Emater aponta que, se o tempo permanecer estável nas próximas semanas, o Estado poderá confirmar uma safra promissora.