No Brasil, a produção estimada pela StoneX é de 7,7 milhões de toneladas, levemente acima do ciclo anterior Perspectivas de produção global de trigo são otimistas, mas fatores geopolíticos e sinais de aumento no consumo geram incertezas quanto à direção dos preços no curto prazo, aponta análise da StoneX.
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No trimestre encerrado em junho, os preços globais do trigo permaneceram abaixo da média dos últimos cinco anos, apesar de problemas na oferta em grandes exportadores. A quebra de safra na União Europeia e a redução do potencial produtivo e exportador da Rússia não foram suficientes para sustentar as cotações, que seguiram pressionadas por uma demanda global enfraquecida, com destaque para as boas colheitas na Índia e na China. Esses países conseguiram abastecer seus estoques internos, reduzindo a necessidade de importações.
A StoneX aponta também a relativa estabilidade do conflito entre Rússia e Ucrânia como um dos fatores de contenção nos preços. “A ausência de escaladas mais graves na guerra apaziguou os temores de que os fluxos comerciais pudessem ser prejudicados pelo confronto”, observam as analistas Julia Viana e Ana Luiza Lodi.
O contrato contínuo do trigo na Bolsa de Chicago encerrou junho cotado a US$ 5,2875 por bushel, uma queda de 4,6% em relação ao mesmo período de 2024. Embora acima das mínimas de setembro de 2024, o valor ainda está distante das máximas de 2022 com o início da guerra na Ucrânia.
Para o novo ciclo 2025/26, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta uma safra global recorde de 808,5 milhões de toneladas, alta de 1,1% sobre a anterior. O consumo mundial também deve aumentar, alcançando 809,8 milhões de toneladas, puxado pelo maior uso alimentar, industrial e por sementes. Com isso, os estoques finais globais devem recuar levemente, para 262,8 milhões de toneladas.
Entre os fatores que podem sustentar os preços, a StoneX destaca três pontos principais: o aumento do consumo global, estoques globais mais apertados para 2025/26 e a continuidade dos conflitos entre Rússia e Ucrânia, que ainda expõem o mercado a riscos logísticos e de escoamento da safra.
Por outro lado, os fundamentos baixistas incluem a projeção de aumento da produção mundial, com destaque para condições favoráveis nas principais regiões produtoras, como EUA, União Europeia e Rússia; o avanço satisfatório no plantio do trigo de primavera no Hemisfério Norte e estimativas de recorde na área plantada na Argentina.
No Brasil, a produção estimada pela StoneX é de 7,7 milhões de toneladas, levemente acima do ciclo anterior, uma alta de 0,6%. No entanto, o cenário ainda é incerto devido à fase inicial da safra e a fatores como redução de área plantada no Sul do país, dificuldades no crédito rural e desvalorização dos preços.
“Os produtores enfrentam um cenário adverso, marcado pela combinação de sucessivas frustrações de safras anteriores e limitação de investimentos”, pontua a consultoria.
Na Argentina, o quadro é de expansão. A produção é estimada em 20,7 milhões de toneladas, com área plantada de 7,1 milhões de hectares e estoques elevados. Além disso, a prorrogação da redução dos impostos de exportação (retenciones) até março de 2026 reforça as perspectivas de oferta abundante.