O período das festas de fim de ano costuma ser muito aguardado na cadeia de suínos. Tradicionalmente, é uma época de maior consumo de alguns cortes usados nas celebrações, como pernil, lombo e costela, o que tende a gerar uma alta nos preços. Em 2025, esse movimento está sendo observado, mas com menos intensidade, uma vez que os preços se mantiveram em patamares mais elevados ao logo de todo o ano.
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Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a média do pernil negociado no atacado do Estado de São Paulo na parcial de dezembro (até o dia 18) estava em R$ 14,11 o quilo, 2,3% acima da registrada em novembro. No entanto, outros cortes tradicionais da época apresentam alterações menores, e até mesmo queda. O lombo, cotado a R$ 18,62 o quilo em dezembro, mostra um recuo de 0,59% em relação ao mês passado. Já a costela teve uma alta de 0,75% no mesmo período, para R$ 17,47 o quilo.
“O mercado doméstico está apresentando equilíbrio entre oferta e demanda, e a indústria encontra mais dificuldades para subir os preços da carne suína neste mês de dezembro”, afirma Luiz Henrique Melo, analista de mercado de proteína animal do Cepea. Apesar dessa estabilidade, Melo não descarta um movimento de alta nos últimos dias do mês. “Isso vai depender da intensidade das compras de última hora, do quanto podem afetar a demanda”, explica.
Segundo o Cepea, 2025 foi um excelente ano para a suinocultura brasileira, marcado por preços firmes, baixa volatilidade e rentabilidade histórica. Essa avaliação é confirmada pelo produtor Mauro Gobbi, de Rondinha (RS).
“Para nós, 2025 é um dos melhores anos da história da suinocultura”, afirma.
Em relação ao suíno vivo, o preço médio entre janeiro e novembro subiu 7,7% em comparação com o mesmo período do ano passado, informa o Cepea. O maior valor registrado no ano foi em São Paulo, em setembro: R$ 9,25 o quilo. Segundo o Centro de Estudos, a baixa volatilidade dos preços reflete o equilíbrio entre oferta e demanda que predominou no mercado em grande parte do ano.
“Os custos de produção cresceram, mas os preços também aumentaram, e as exportações maiores estão enxugando o mercado interno, o que deixa a carne suína mais valorizada, permitindo uma rentabilidade maior para o criador, que está conseguindo recuperar perdas de anos anteriores”, comenta Gobbi, que também é vice-presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs).
Mauro Gobbi comercializa cerca de 7.500 suínos por semana em Rondinha (RS)
Arquivo pessoal
Em sua propriedade, a Granja Gobbi, o criador comercializa cerca de 7.500 suínos por semana, totalizando em torno de 400 mil animais por ano. Ele pretende utilizar a rentabilidade gerada pelos bons preços atuais para fazer melhorias na propriedade e fazer estoques de milho para garantir a alimentação do rebanho.
Segundo o Cepea, em 2025 houve uma expansão controlada da produção de carne suína no Brasil, que deve encerrar o ano com 5,65 milhões de toneladas, um aumento de 5,5% em relação a 2024. Dessa forma, a oferta ficou alinhada às demandas interna e externa aquecidas.
Já as exportações cresceram 10,4%, de acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Foram embarcadas 1,372 milhão de toneladas nos 11 primeiros meses de 2025, acima das 1,243 milhão de toneladas no mesmo período do ano anterior.
De acordo com o Cepea, a elevada capilaridade de importadores foi determinante para que o Brasil alcançasse marcas recordes, mesmo diante da forte redução de quase 40% nas compras da China, que por muitos anos concentrou grande parte dos embarques nacionais.
A receita com exportações registrada entre janeiro e novembro chegou a US$ 3,294 bilhões, número 18,7% maior em relação ao ano anterior, com US$ 2,774 bilhões.
Para 2026, segundo o Cepea, as perspectivas indicam a manutenção do mesmo cenário favorável para a suinocultura. A expansão da base de importadores, o crescimento controlado da produção e a expectativa de preços firmes devem sustentar nova rodada de boa rentabilidade ao setor. A China tende a seguir reduzindo suas compras, abrindo maior espaço para países asiáticos, como Japão e Filipinas, além de mercados das Américas, como México e Chile.