
As tarifas aplicadas pelos Estados Unidos estão alterando a dinâmica do mercado agrícola em nível global, que precisará de diversificação e negociação, disse o coordenador do Insper Agro Global e Marcos Jank. O especialista, que também é conselheiro de empresas como Minerva, Cargill e Rumo, participou de evento do Bradesco BBI nesta quinta-feira (11/9) em São Paulo.
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Segundo Jank, esse novo cenário exige um esforço de diversificação dos mercados por parte do Brasil. “Cada cidade do agro no Centro-Oeste deve uma estátua à China, mas não podemos depender só da China”, disse.
Ele destacou que o crescimento do agronegócio brasileiro ocorreu com base em méritos próprios e na abertura de mercados, mas alertou que, daqui em diante, será necessário adotar estratégias similares às utilizadas por grandes empresas e países concorrentes.
De acordo com o especialista, embora os Estados Unidos não tenham capacidade para substituir as exportações brasileiras de soja e carne bovina, há possibilidade de criação de barreiras, como tarifas e exigências regulatórias, que podem impactar negativamente o Brasil, o setor e as empresas exportadoras.
Jank apontou a Ásia e a África como regiões estratégicas para a ampliação de mercados, mas ressaltou também o potencial de diversificação do mercado interno, com o desenvolvimento de novos produtos do agronegócio.
Sobre a relação com os Estados Unidos, ele observou que o Brasil precisa se posicionar de forma mais ativa nas negociações. “Se não formos negociar, eles vão liberar para os países tropicais que têm acordo, e nossa situação piora, porque nossos concorrentes vão ter isenção e nós vamos pagar 50%”, afirmou. Ele citou o café e a manga como produtos com forte presença nos EUA, para os quais, segundo ele, não há substituição provável de importação.
Jank ainda destacou a necessidade de o Brasil buscar novos acordos comerciais com outros países. “O Brasil sempre foi liberal para exportação, mas protecionista para importação. Vai ser um mundo de barganha e de cooperação”, concluiu.