
No Brasil, companhia adotou estratégia mais “defensiva”, terceirizando a administração de parte de sua rede Restrição de acesso a crédito e taxas elevadas de juros levam produtores rurais a investir menos na sua produção. A situação é um desafio para as indústrias e revendas de insumos agrícolas, avalia o presidente da área de proteção de cultivos da Syngenta no Brasil, André Savino.
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O executivo, no entanto, diz não acreditar que os pedidos de recuperação judicial na cadeia produtiva são consequências deste cenário. Savino vincula a situação a uma “falta de estrutura” das empresas para enfrentar situações adversas do mercado.
Em conversa com jornalistas, durante o evento One Agro, promovido pela multinacional, em Campinas (SP), o executivo disse que, nos anos de 2019 e 2020, a situação favorecia investimentos no setor. Taxas de juros mais baixas que as atuais foram cenário para um aumento da alavancagem das empresas.
Entre 2023 e 2024, a situação mudou e ficou mais difícil. As taxas de juros aumentaram, vendas caíram e alguns modelos de negócios ficaram insustentáveis.
“No caso de empresas mais longevas, as estruturas são diferentes, mais preparadas para cenários como esse”, disse.
No ano passado, a Syngenta resolveu adotar uma estratégia mais “defensiva” para o Brasil. Parou com as aquisições de revendas e decidiu terceirizar a administração de parte de sua rede. Em 2025, a empresa se manteve nesse caminho: repassou lojas próprias para a Olfar Agro e para a Lar Cooperativa.
Andre Savino, presidente da Syngenta Protecao de Cultivos no Brasil
Rogerio Vieira/Valor
Atuação global
Também na conversa com os jornalistas, o presidente global da área de proteção de cultivos, Steven Hawkins, disse que ter atuação global ajuda a companhia a enfrentar o cenário setorial e macroeconômico que considera “complexo”. Entre os principais pontos de incerteza, ele menciona a guerra tarifária desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Como temos atuação bastante disseminada, acredito que possamos nos reorganizar diante de eventuais mudanças tarifárias, de modo a não interferir fortemente no caso de tarifas às matérias-primas, por exemplo – o que impactaria no preço final dos produtos”, diz.
Hawkins destacou que o cenário global ainda é bastante incerto para fazer uma análise de suas consequências no curto ou longo prazo. Ainda não é possível saber se as tarifas comerciais mais elevadas vão permanecer ou se haverá retrocesso nos conflitos comerciais.
“Reajustes de compra e venda devem acontecer até de maneira preventiva em todo o mundo. No entanto, o Brasil pode sair positivamente dessa história. Tem grande potencial produtivo, recursos naturais disponíveis e profissionais capacitados, para que possa reajustar suas exportações”, afirmou.