Em uma decisão histórica, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta quinta-feira (11) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão por sua participação em uma tentativa de golpe de Estado. A pena foi dividida em 24 anos e 9 meses de reclusão — que deve ser cumprida em regime fechado — e 2 anos e 9 meses de detenção, em regime semiaberto ou aberto. O julgamento, marcado por forte repercussão política e jurídica, marca a primeira vez que um ex-presidente da República é condenado por tentativa de subversão da ordem democrática no Brasil.
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A condenação se refere a cinco crimes imputados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), todos relacionados aos atos golpistas que visavam impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito em 2022. O placar foi de 4 votos a 1, com os ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin formando a maioria pela condenação. Apenas o ministro Luiz Fux votou parcialmente a favor da absolvição em alguns pontos.
Além de Bolsonaro, outros sete nomes ligados ao alto escalão do governo anterior foram condenados no mesmo julgamento. Entre eles estão ex-ministros, ex-comandantes das Forças Armadas e ex-assessores próximos do então presidente. São eles: Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-chefe do GSI), Mauro Cid (ex-ajudante de ordens), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil).
O STF ainda não concluiu a definição das penas individuais dos demais réus, processo conhecido como dosimetria. No entanto, a condenação já representa um marco simbólico e político, reforçando a atuação do Judiciário no combate a tentativas de ruptura institucional. A acusação sustentou que o grupo articulou estratégias para deslegitimar o resultado das eleições, fomentar agitações populares e planejar intervenções militares para impedir a posse de Lula.
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Apesar da condenação, os réus ainda não serão presos imediatamente. O processo precisa transitar em julgado, ou seja, todas as possibilidades de recurso devem ser esgotadas antes que as penas comecem a ser cumpridas. A defesa de Bolsonaro já indicou que irá recorrer, apresentando embargos que podem postergar o início do cumprimento da pena por meses — ou até anos, dependendo do ritmo do STF.
Atualmente, tanto Jair Bolsonaro quanto Braga Netto encontram-se presos preventivamente. O ex-presidente foi detido por descumprir medidas judiciais impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, enquanto Braga Netto está preso por obstrução de Justiça. Ambos seguem à disposição da Justiça enquanto os desdobramentos do julgamento continuam em curso.
A decisão da Primeira Turma ocorre em um momento delicado para a política nacional, com forte polarização e tensões institucionais. O julgamento é considerado um divisor de águas para a democracia brasileira, sinalizando que a tentativa de romper com a ordem constitucional não será tolerada, independentemente do cargo ocupado pelo acusado.
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