
SimSilo, que surgiu a partir de pesquisa de mestrado, adota ferramentas de conectividade para gestão de pontos de armazenagem de grãos Uma ferramenta de funcionamento simples, que otimiza a operação de armazenagem de grãos e de custo acessível aos produtores. Essas são as apostas da startup SimSilo para expandir a carteira de clientes neste ano.
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O equipamento, que leva o nome da startup, tem como proposta monitorar o funcionamento das unidades armazenadoras via Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). Com o uso do SimSilo, é possível, por exemplo, acompanhar remotamente o volume disponível de grãos no silo.
Desenvolvido por Gypson Ayres, CEO da SimSilo, a inovação foi elaborada a partir de um experimento para a defesa da dissertação de mestrado de Ayres, na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em 2018. Desde então, a ferramenta ganhou notoriedade após apresentações da startup em editais de inovação.
Em maio, a SimSilo venceu um concurso em Brasília na categoria de tecnologias digitais para armazenamento e pós-colheita. Já em 2023, o projeto conquistou a 11 edição do Programa Campus Mobile, realizado em São Paulo. Com essa vitória, a SimSilo foi convidada a apresentar sua inovação no Vale do Silício, na sede da Plug and Play, aceleradora americana.
Durante o mestrado, o maranhense Ayres, que também é agrônomo, queria aprofundar os estudos em agricultura vertical. Ele conta, no entanto, que fora desafiado por seu orientador a pensar em uma tecnologia que atendesse ao maior número possível de produtores.
“Hoje, em algumas granjas [de aves] com até dois silos, muitos não conseguem mensurar a quantidade de ração armazenada. Os criadores tentam ‘adivinhar’ com batidas na estrutura. Além disso, a depender do tempo de uso, muitos armazéns têm problemas com as placas, que se soltam e criam buracos no silo. Nosso objetivo é trazer uma ferramenta acessível e que atenda todas as necessidades do produtor”, afirma o pesquisador.
O produtor pode contratar o serviço da SimSilo pagando uma mensalidade, que pode variar entre R$ 400 a R$ 450. A instalação é prática. No silo instalado em frente ao Laboratório de Construções Rurais e Ambiência da UFCG, Gypson Ayres fixa o dispositivo na estrutura metálica com a ajuda de ímãs.
Algumas melhorias no projeto da SimSilo foram sugeridas por Matheus Gomes, diretor de tecnologia da startup. Ele cursa o último ano de engenharia agrícola na UFCG e, a partir dos estudos, desenvolveu técnicas de automação para o dispositivo.
Para Gomes, apesar de todas as funcionalidades, a ferramenta esbarra na resistência que alguns produtores locais ainda têm quando o assunto é tecnologia.
“Em Mato Grosso, quando fomos apresentar a ferramenta, muitos produtores gostaram dos testes. Eles estavam curiosos para saber quanto teriam de lucro e quanto poderiam reduzir o custo. Trazendo isso para a nossa região, percebi que esbarramos na questão da confiança e do resultado. Ou seja, para confiar no meu produto, ele primeiro precisa ver resultado”, revela.
Ayres quer aproveitar a participação da startup em editais para aprimorar e expandir a ferramenta e a operação. Com a vitória do concurso em Brasília, a empresa recebeu R$ 150 mil. Além disso, fechou um projeto para atender produtores na capital do país. Atualmente, os clientes da startup estão majoritariamente no litoral paraibano.