Sobreviventes relembra horror e citam omissão no 1º dia do 4º júri da Chacina do Curió, em Fortaleza

No primeiro dia do 4º júri popular da Chacina do Curió, realizado nesta segunda-feira (25), em Fortaleza, sobreviventes do massacre relataram cenas de terror vividas entre a noite de 11 e a madrugada de 12 de novembro de 2015. Sete policiais militares do Ceará, que compõem o chamado “Núcleo da Omissão”, estão no banco dos réus, acusados de não impedir as execuções, mesmo estando de serviço nas áreas onde os crimes ocorreram.

A acusação sustenta que os agentes poderiam ter evitado os assassinatos, mas optaram por se omitir. Um dos sobreviventes ouvidos pela Justiça contou que foi retirado de casa por homens armados e encapuzados, rodando de carro com ele por cerca de três horas. O jovem teria sido ameaçado de morte por, supostamente, conhecer um homem apelidado de “Curió”, citado como envolvido na morte do soldado PM Serpa, ocorrida horas antes da chacina. Ele ainda relatou ter ouvido dos policiais que, no dia seguinte, a mídia noticiaria as mortes como briga de facção.

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O primeiro depoimento do dia foi de um homem que levou cinco tiros e ficou paraplégico. Ele só tomou consciência da gravidade do ocorrido ao dar entrada no Hospital Frotinha da Messejana. Em outro relato, um jovem que tinha 21 anos na época dos crimes contou que foi socorrido inconsciente pelo próprio pai. Ele perdeu a função de um dos braços e metade de um pulmão, além de passar mais de um mês internado.

Durante a sessão, que durou mais de 10 horas, familiares dos réus e vítimas acompanharam os depoimentos no plenário. A mãe de uma das vítimas chegou a passar mal durante a exibição de vídeos e áudios gravados na madrugada da chacina, e precisou sair do tribunal em lágrimas. Já a esposa de um dos réus, o soldado Renne Diego, também passou mal e foi atendida pelo Corpo de Bombeiros.

Os advogados de defesa pediram a suspensão da exibição de vídeos durante os depoimentos, alegando que o conteúdo poderia influenciar testemunhas. No entanto, o colegiado de juízes deliberou, às 18h50, que as exibições seriam mantidas, desde que sem argumentações ou interferências. A sessão contou com a presença de representantes da imprensa, entidades civis e do presidente do Tribunal de Justiça do Ceará, desembargador Heráclito Vieira.

Os sete PMs julgados são:

  • sargento Farlley Diogo de Oliveira;
  • cabos Daniel Fernandes da Silva e Gildácio Alves da Silva;
  • e soldados Francisco Fabrício Albuquerque de Sousa, Francisco Flávio de Sousa, Luís Fernando de Freitas Barroso e Renne Diego Marques.

Segundo o Ministério Público, eles estavam em três viaturas e deixaram de atender às ocorrências durante a noite da chacina. O julgamento será retomado nesta terça-feira (26), às 9h, com oitiva das testemunhas de defesa, e deve se estender ao longo da semana.

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