Nesta quarta-feira (15), Fortaleza relembra um dos episódios mais trágicos de sua história recente: o desabamento do Edifício Andréa, no bairro Dionísio Torres, que completa seis anos. No local onde o prédio de sete andares colapsou em 2019, foi inaugurado em março deste ano o Quartel 15 de Outubro do Corpo de Bombeiros. A nova estrutura tem três pavimentos e um subsolo, e atende bairros como Meireles, Varjota e Aldeota — uma forma simbólica e funcional de ressignificar o espaço marcado pela dor.
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O capitão Eliomar Alves, comandante da Companhia de Cães, relembra o dia da tragédia. “A gente estava treinando os cães quando o coronel chamou toda a companhia. Foi uma surpresa. Apesar de todo o preparo, ninguém espera que algo assim aconteça. Quando chegamos aqui e vimos aquele cenário… foi muito emocionante. A gente teve que parar e entender: agora é hora de colocar em prática tudo o que treinamos”, afirmou. O capitão também recorda o resgate de um jovem de 22 anos.
“A gente conversava com ele sem conseguir vê-lo. Quando perguntamos quanto ele pesava e ele disse ‘mais de 90 quilos’, olhamos uns para os outros e sabíamos o desafio que teríamos. Mas, graças a Deus, deu certo.”
Na época, o desabamento mobilizou 103 horas de buscas ininterruptas, com saldo de nove mortos e sete pessoas resgatadas com vida, entre moradores e transeuntes. Imagens da operação e homenagens às vítimas estampam hoje as paredes do novo quartel.
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De acordo com o laudo da Perícia Forense, falhas na atuação de dois engenheiros e de um pedreiro foram determinantes para o colapso do edifício, que passava por obras no momento do desabamento. O Ministério Público denunciou os envolvidos, mas o caso ainda não teve desfecho judicial. Em 2023, o pedreiro foi absolvido. Os engenheiros Anderson Gonzaga e Carlos Alberto ainda irão a júri popular.
Entre os sobreviventes está o casal Clotário e Ana Maria Nogueira, antigos moradores do apartamento 701, que por sorte não estavam em casa no momento do desabamento.
“Tinha muita coisa, louça japonesa, talheres dourados… tudo desapareceu”, contou Ana Maria. “Eu disse: já que não vou ter nada pra deixar para minhas filhas, vou fazer uma coxa de crochê para cada uma.” Hoje, a família vive em uma nova casa, marcada pela reconstrução e gratidão. “Eu sempre fui trabalhador. E estou bem, graças a Deus”, disse Clotário.
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