As sobras orçamentárias, de quase R$ 83 milhões, liberadas nesta semana para a cobertura de apólices do seguro rural já foram totalmente consumidas, confirmaram duas fontes a par do assunto. Mais de 11 mil contratos que haviam sido comercializados ao longo dos últimos meses foram contemplados com a subvenção.
Com isso, a área de soja coberta pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), que estava zerada, chegou a 919,5 mil hectares. Foram mais de R$ 51,3 milhões aplicados em 11,1 mil apólices.
A liberação de recursos que não haviam sido utilizados no inverno e em demais culturas permitiu atender quase 8,4 mil sojicultores, principalmente no Sul do país. No Paraná foram 6,6 mil apólices e no Rio Grande do Sul, 1,2 mil contratos. São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul aparecem na sequência.
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Ao todo, foram aplicados R$ 565,4 milhões no PSR em 2025. O orçamento apoiou a contratação de 61,5 mil apólices de quase 42 mil produtores. A maior parte dos contratos é concentrada no Sul, com a liderança do Paraná (16,6 mil beneficiários) e Rio Grande do Sul (9,2 mil), Estados onde adversidades e mudanças climáticas têm impactado o setor nos últimos anos.
A área total coberta em 2025 passou de 3,2 milhões de hectares com o incremento gerado pela soja, mesmo assim foi a menor desde 2015, quando a cobertura chegou a 2,6 milhões de hectares. Na série histórica, desde 2007, é o terceiro pior resultado. A importância segurada também caiu, para R$ 17,7 bilhões ante R$ 50,5 bilhões em 2024.
Na lista de produtos, o milho segunda safra ficou com a maior parte da cobertura em termos de área e subvenção federal. Foram 1,4 milhão de hectares e quase R$ 280 milhões do orçamento da União destinados a 23,9 mil apólices de produtores do cereal. A soja ficou com a segunda maior área e a terceira maior aplicação de subsídios, atrás também do trigo (R$ 62,3 milhões), de acordo com dados públicos do Atlas do Seguro Rural do Ministério da Agricultura, atualizados na noite de sexta-feira (19/12).
A baixa cobertura é reflexo dos cortes orçamentários realizados ao longo do ano. A verba aprovada era de R$ 1,06 bilhão, mas caiu R$ 632,5 milhões. Desses, R$ 67 milhões foram usados para pagar apólices contratadas em 2024 e que estavam em aberto com as seguradoras. Na prática, o orçamento para novas apólices ao longo deste ano ficou em R$ 565,4 milhões.
Com isso, os produtores pagaram o dobro do valor em prêmios de seguro rural em 2025 do que foi aplicado de subvenção: R$ 1,03 bilhão contra R$ 565 milhões. O recurso apoiou coberturas de grãos (R$ 432,5 milhões), frutas (R4 59,9 milhões), café (R$ 27,7 milhões), olerícolas (R$ 25,7 milhões), pecuária (R$ 9,5 milhões), cana-de-açúcar (R$ 4,1 milhões), florestas (R$ 2,1 milhões) e outros (R$ 3,5 milhões).
Cerca de R$ 177 milhões foram cancelados definitivamente do caixa do PSR e R$ 250,6 milhões seguem bloqueados, mas sem perspectivas concretas de serem liberados até 31 de dezembro. As empresas seguradoras ainda tentam articular uma nova liberação. A estratégia de momento é usar “sobras” de outras áreas e remanejar para o seguro rural. O Ministério da Agricultura, no entanto, não garante que o mecanismo funcionará.
“Não tem novidade sobre liberação de orçamento bloqueado”, disse uma fonte da Pasta. Até agora, R$ 222,4 milhões foram efetivamente pagos às seguradoras, de acordo com o Painel do Orçamento do governo federal.
Para 2026, o valor na Lei Orçamentária Anual (LOA), aprovada no Congresso Nacional na sexta-feira (19/12), é de R$ 1,017 bilhão, pouco abaixo do R$ 1,09 bilhão previsto texto original.