
Com quase 100 anos de história e sede em Panambi (RS), a fabricante de equipamentos industriais Saur está em uma nova fase de crescimento. Especializada em soluções para movimentação de cargas, com forte atuação no agronegócio, a empresa planeja dobrar de tamanho nos próximos cinco a seis anos, apostando na modernização da gestão, expansão internacional e maior tecnologia nos produtos.
Leia também
Sob nova direção desde janeiro, com a chegada de um executivo vindo da Bruning, indústria de autopeças, a Saur tem como meta ampliar sua presença no mercado sul-americano — hoje responsável por 7% do faturamento, que deve superar R$ 545 milhões em 2025, frente aos R$ 445 milhões registrados no ano passado.
“O foco principal é crescer e se tornar mais relevante para nossos clientes do agronegócio, com produtos mais tecnológicos e gestão mais profissionalizada”, disse o executivo durante entrevista realizada na Argentina, durante uma missão empresarial ao lado da Kepler Weber.
A empresa, que nasceu em Panambi pelas mãos de Richard Saur, imigrante alemão, está atualmente na quarta geração da família — comandada por Ingrid Saur, filha de Ernesto Saur. Hoje, 60% da receita vem do agro, com destaque para os tombadores de caminhões — equipamentos usados para descarga de grãos, nos quais a Saur é líder de mercado. Outros produtos em destaque incluem soluções para captação de pó e itens ligados à segurança, como aqueles adaptados à norma NR-12.
Além do agronegócio, a empresa atua em segmentos como florestal, celulose, logística portuária e acessórios para empilhadeiras — área em que enfrenta forte concorrência de produtos chineses e vislumbra novas oportunidades nos Estados Unidos, em parceria com a alemã Calpe, com quem mantém uma joint venture no Chile.
Fábrica no Paraguai e ofensiva na Argentina
Com presença comercial em diversos países sul-americanos, a Saur está apostando em uma fábrica no Paraguai para ampliar suas exportações. A planta, que até agora funcionava em galpão alugado, receberá investimento de US$ 1,5 milhão para se tornar uma unidade própria. O objetivo é atender toda a América do Sul, aproveitando os incentivos da lei Maquila, que oferece isenções fiscais para produtos transformados no país e exportados ao Mercosul.
“Começamos com a produção de tombadores, mas vamos ampliar o portfólio. O Paraguai é uma fronteira agrícola em expansão e a lei Maquila torna a produção mais competitiva”, explica o executivo. A expectativa é, no futuro, até exportar para o Brasil a partir do Paraguai.
Durante viagem à Argentina, a empresa também identificou oportunidades de negócios, aproveitando a desvalorização do peso e as reformas econômicas do governo Javier Milei, que vêm tornando o país mais atrativo para exportadores brasileiros. “Fechamos alguns negócios neste ano e vimos que o nome da Saur já é conhecido e bem reconhecido por aqui”, contou.
Initial plugin text
A Argentina ainda responde por uma fatia pequena das exportações, mas a empresa quer ampliar essa presença — especialmente nos setores agrícola e logístico. A visita ao país foi feita a convite da Kepler Weber, com quem a Saur tem uma relação histórica: nos anos 1990, fabricava escadas e passou a produzir tombadores utilizados nas unidades de armazenagem da Kepler.
Capacidade produtiva e planos futuros
Além da nova fábrica no Paraguai, a empresa tem unidades em Panambi e Flores da Cunha (RS) — esta última dedicada à produção de cilindros para tombadores. A planta de Panambi opera com folga e ainda pode crescer 20% a 30% com investimentos adicionais, incluindo a adoção de segundo turno em parte das operações.
Hoje, a Saur produz cerca de seis tombadores por semana e vê espaço para expandir esse volume rapidamente, diante da demanda crescente por automação e segurança no escoamento de grãos.
Apesar do plano de internacionalização, o foco principal segue sendo a América Latina, embora a empresa estude oportunidades pontuais nos Estados Unidos e mantenha diálogo com países do Oriente Médio. “Nosso objetivo é fortalecer a presença regional, mas sem perder de vista mercados estratégicos”, afirmou.
*A repórter viajou a convite da Kepler Weber