O fundo árabe Saudi Agricultural and Livestock investiment Company (Salic) realizou nesta terça-feira (2/9) uma operação envolvendo R$ 3,7 bilhões na BRF e terá sua posição via derivativos, segundo cinco fontes ouvidas pelo Valor.
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A operação teve a corretora Citigroup como intermediária. Conforme fontes, o fundo pode reaver a posição via ações e mantém, pelo contrato, os direitos econômicos desse papéis. “Fizeram uma estrutura de derivativo para atender questões internas”, afirmou uma das fontes.
Outro interlocutor acrescentou que a operação faz parte de uma otimização fiscal necessária para o Salic. Na prática, o fundo árabe continua a possuir 11% do capital social da BRF, mas não na forma de ações, “mas eles têm um contrato de derivativo que dá direitos econômicos e eles podem reaver as ações”, explicou uma fonte.
Além disso, “tecnicamente também, o banco passa a ter o percentual da Salic na BRF”, acrescentou.
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O fato de o Salic ser acionista da BRF e também do frigorífico Minerva, com 25% de participação, levou a Minerva a questionar a fusão entre BRF e sua controlada Marfrig no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) alegando, entre outros pontos, eventual conflito de interesses que o Salic poderia ter.
O Valor obteve a informação de que a operação com derivativos não foi feita a pedido da Minerva Foods. Até agora, o posicionamento dos investidores árabes é o de que sua participação na empresa da família Vilela de Queiroz não será prejudicada por sua atuação na companhia que resultará da fusão de Marfrig e BRF.
Em junho, o Salic optou por se abster na votação sobre a fusão que, se aprovada pelo Cade, criará a MBRF.