Cotação do cereal caiu 8% em maio; cacau encerrou o mês com valorização de 10% As condições climáticas nas regiões de produção foram o elemento em comum na oscilação das commodities agrícolas nas bolsas internacionais em maio. O preço do milho caiu na bolsa de Chicago, pressionado pelo clima ideal nas áreas de cultivo, enquanto a falta de chuvas em locais de produção de cacau do oeste da África deu impulso aos futuros da amêndoa na bolsa de Nova York.
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O início da safra 2025/26 de milho nos Estados Unidos está com plantio em ritmo acima do habitual, graças às chuvas e temperaturas dentro da média. Para agentes de mercado, essas condições aumentaram as possibilidades de o país colher mais de 400 milhões de toneladas, o que, caso se confirme, será um novo recorde.
Os preços médios do grão na bolsa de Chicago caíram 8%, para US$ 4,4281 o bushel, segundo os cálculos do Valor Data. Com isso, o milho agora acumula queda em 2025, de 1,01%.
A desvalorização do milho no mercado internacional também teve relação com as expectativas “da grande safrinha que o Brasil está começando a colher”, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural. Em seu relatório mais recente, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou que a produção de milho safrinha vai crescer 10,8% neste ciclo em comparação com 2023/24. A colheita brasileira deverá alcançar quase 100 milhões de toneladas, segundo a estatal.
Trigo
O trigo encerrou o mês de maio em queda de 2,04% na bolsa de Chicago, com média de US$ 5,3980 o bushel, segundo o Valor Data. A melhora nas condições da lavouras na Rússia, país que lidera as exportações do cereal, e nos EUA pressionaram as cotações.
Soja
O preço da soja, em contrapartida, encerrou o mês em alta de 1,24%, a US$ 10,5301 por bushel. A valorização do óleo de soja, de 2,84%, suplantou a pressão que o plantio acelerado da oleaginosa nos Estados Unidos poderia exercer sobre as cotações.
Além disso, a guerra comercial entre americanos e chineses teve reflexos, ainda que limitados, sobre o preço do grão, avalia Daniele Siqueira. “O preço da soja tem oscilado sem muita direção, à espera de definições na guerra comercial entre EUA e China”, disse ela.
Cacau
Na bolsa de Nova York, o destaque entre as “soft commodities” foi o cacau, que subiu 10% no mês, para a média de US$ 9.423 a tonelada. A valorização refletiu a falta de chuvas na Costa do Marfim e em Gana, os dois principais produtores globais da amêndoa. O receio do mercado é de que essa condição de clima prejudique o desempenho da colheita da safra intermediária, que vai de abril até setembro.
A preocupação com o clima levou os fundos de investimento a aumentar suas apostas na alta do cacau na bolsa, destaca Adilson Reis, analista especializado no mercado da commodity. “À medida que as notícias sobre o clima na África pioravam, os fundos iam comprando muitos papéis. Isso imprimiu uma volatilidade muito grande às negociações”, disse Reis.
Algodão
O algodão também encerrou o mês com valorização em Nova York — a alta foi de 1,51% em maio, para a média de 68,10 centavos de dólar por libra-peso. O desempenho foi, em grande medida, resultado de ajustes técnicos, segundo analistas.
Açúcar
Entre as soft commodities que se desvalorizaram na bolsa de Nova York em maio, o principal destaque foi o açúcar, que caiu 2,46%, para a média de 17,61 centavos de dólar a libra-peso. A queda deveu-se aos bons prognósticos de safra no Centro-Sul do Brasil e ao crescimento do volume das chuvas na Índia.
Suco de laranja
Também os preços do suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) caíram em no mês passado: a queda foi de 1,37%, a US$ 2,5767 a libra-peso, na média. Os futuros responderam à previsão de crescimento de 36% da produção de laranja no cinturão São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro — o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) apresentou em maio sua primeira estimativa para a temporada 2025/26.
Café
O café, por sua vez, fechou o mês em queda de 0,72%, para o valor médio de US$ 3,7060 a libra-peso. No Brasil, o início da colheita do arábica reduz, em parte, as preocupações do mercado com a oferta, que segue ajustada à demanda no exterior.