
Novos aplicativos estão auxiliando agricultores a negociar a produção e a contatá-los com prestadores de serviços especializados. Uma dessas plataformas, a Grão Direto, foi desenvolvida após uma constatação de seus criadores: o agro não conversava com tecnologias fora da porteira como ocorria dentro da fazenda. O app tem um “chatbot”, o AIrton, que usa inteligência artificial (IA) para informar compradores e vendedores sobre as melhores condições do mercado.
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“O AIrton conversa com os usuários por meio do Whatsapp, que é uma ferramenta familiar para os agricultores de todas as idades, em áudios e texto”, diz Marco Cecílio, líder de IA da Grão Direto. O produtor informa como e por quanto quer vender soja, milho ou sorgo; o AIrton, por sua vez, monitora o mercado e avisa quando os requisitos são atingidos.
“Tecnologia mudou as cidades e pode fazer o mesmo pelo agronegócio” — Patrick Dellon
Hoje a maior plataforma digital do agro na América Latina, a plataforma conecta os agricultores a multinacionais como ADM, Cargill e Amaggi. O robô também avisa as tradings sobre oportunidades, calcula preços e monta planilha e opções de contrato. “No método tradicional, fazer isso demanda tempo. A trading ganha eficiência e, nesse tempo, o comprador investe em relacionamento com o vendedor”, afirma Cecílio.
Outro aplicativo, o AnunciAgro, buscar “dar match” entre prestadores de serviços especializados e contratantes. Em apenas dois dias após o lançamento, ocorrido em setembro, atraiu 1,7 mil usuários. “Tem gente que termina a faculdade e não sabe por onde começar, onde encontrar clientes. E tem gente procurando prestadores de serviços”, diz Gustavo Tubarão, influencer de Cana Verde (MG) que lançou o app com mais um amigo. A meta é chegar a 10 mil usuário em um ano.
O negócio nasceu a partir da demanda de Patrick Dellon, sócio de Tubarão. “Nos grupos que eu participava, percebia que, de um lado, tinha produtores reclamando da dificuldade em encontrar serviços e, do outro, prestadores se queixando da falta de oportunidade”, conta. “Foi esse desencontro que inspirou a ideia de criar o aplicativo”.
Nos primeiros seis meses, a plataforma será gratuita para estimular a adesão e mostrar como a tecnologia pode facilitar a rotina e gerar a relação de confiança. Futuramente, a receita virá da cobrança por anúncios e comissão sobre negócios fechados no app. “As soluções tecnológicas transformaram os setores urbanos e podem fazer o mesmo pelo agro”, afirma Dellon.
Um balcão digital também é oferecido pelo RAImundo, robô lançado pela Embrapa para atender em especial os agricultores familiares com assistência técnica gratuita sobre manejo, clima, pragas e comercialização, solo e até sobre políticas públicas, via Whatsapp. “É uma tecnologia treinada na base da realidade brasileira, que escuta o produtor, orienta com responsabilidade e promove inclusão digital”, relata João Marcelo Occhiucci, diretor técnico da AZap.AI, empresa que desenvolveu o robô para a Embrapa.
O RAImundo permite a compra e venda de insumos, alimentos e equipamentos com base em localização geográfica. De acordo com a Embrapa, a meta é atingir 100 mil agricultores em um ano.
Cecilio, da Grão Direto, afirma que o uso de aplicativos de mensagens foi fundamental para a adesão dos usuários às novas plataformas. “É uma ferramenta que todos usam e têm intimidade”, diz. “Não há uma barreira tecnológica que afaste os usuários”.






