
Empresas globais de alimentos falham na oferta de alimentos à base de proteínas vegetais, limitando o crescimento da categoria e enfraquecendo a cadeia produtiva, devido à dependência excessiva de proteína animal. A avaliação faz parte de um relatório produzido pela Iniciativa de Risco e Retorno de Investimentos em Pecuária (Fairr Investment Risk and Return Initiative), uma rede global de gestores de investimentos, que juntos administram US$ 90 trilhões em ativos.
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No relatório, os gestores pedem às empresas que diversifiquem suas fontes de proteínas para lidar com os riscos crescentes na cadeia pecuária, aproveitando as oportunidades de crescimento no segmento de proteínas vegetais.
A rede de gestores pondera que a cadeia de produtos de origem animal fica cada vez mais frágil, com aumento nos custos com ração devido a problemas climáticos e riscos de perdas com surtos de gripe aviária e outras doenças.
“Os consumidores buscam preços acessíveis, ótimo sabor e saúde em 2025, mas as empresas alimentícias estão investindo muito pouco em inovação de produtos para atender às expectativas dos consumidores”, afirmou em relatório Dana Wilson, gerente de Pesquisa e Engajamento e Diversificação de Proteínas da Fairr.
Ela acrescentou que as empresas proativas podem aproveitar uma “oportunidade significativa de crescimento de mercado” ao investir em um portfólio de alimentos à base de proteína vegetal.
O relatório tem resultados de pesquisas feitas com 20 dos maiores varejistas e fabricantes de alimentos do mundo, que são apoiados por 73 investidores da Fairr.
Poucos lançamentos
O documento aponta que 88% das diretrizes alimentares globais incentivam a maior ingestão de alimentos de origem vegetal, como legumes, hortaliças, frutas secas e grãos integrais, para reduzir o risco de doenças. Apesar disso, apenas três de oito fabricantes lançaram um produto integral de origem vegetal no ano passado, como alternativa a produtos de origem animal.
Conforme o relatório, embora pelo menos 70% das empresas identifiquem a saúde e o bem-estar como duas das questões mais relevantes para seus negócios, apenas 30% têm diretores especializados em nutrição. Além disso, 25% das empresas não possuem uma estratégia de saúde específica.
E poucas pesquisas
Entre as empresas ouvidas, 25% fizeram pesquisas com sua base de consumidores para entender melhor suas preferências, o que levou a um desalinhamento entre lançamentos de produtos e demandas do mercado.
De acordo com a Fairr, o Carrefour investiu no portfólio de alimentos com proteínas integrais de origem vegetal, superando sua meta de 500 milhões em vendas desses produtos em 2024 — quando a meta era atingir esse montante em 2026. Em 2025, o grupo supermercadista europeu Ahold Delhaize definiu a meta de atingir 50% das vendas de proteínas à base de plantas até 2030.
Problemas das proteínas vegetais: sabor, textura e preço
O relatório destacou que o sabor e a textura das proteínas vegetais são barreiras à adoção pelos consumidores, assim como o preço. Mas apenas 40% das empresas investiram em inovação para melhorar esses produtos e torná-los mais acessíveis.
A pesquisa também apontou que somente 40% das empresas avaliaram o risco de não adaptar o portfólio às novas preferências dos consumidores, e o impacto dos riscos climáticos nas cadeias de produção pecuária.
Quase todas as empresas ignoram as implicações da diversificação de proteínas na cadeia de suprimentos, segundo a Fairr. A Danone, segundo a organização, é a única que está requalificando os funcionários para apoiar a transição para dietas mais sustentáveis, apoiando a produção de leite de aveia na fábrica em Villecomtal-sur-Arros, na França.
O relatório aponta ainda que 75% das empresas não reconhecem o potencial de sustentabilidade da substituição de ingredientes de origem animal por opções à base de plantas. Apenas a Nestlé quantificou a oportunidade de mitigação de emissões até o momento.






