Instituições financeiras destacam o prejuízo líquido de R$ 2,5 bilhões no trimestre e R$ 4,2 bilhões no total do ano-safra Os resultados da Raízen no quarto trimestre do ano fiscal de 2025 e no acumulado da safra 2024/25 foram classificados como fracos e abaixo do esperado, segundo relatórios dos bancos Banco do Brasil, Citi e JP Morgan.
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Os três bancos destacam o prejuízo líquido de R$ 2,5 bilhões no trimestre e R$ 4,2 bilhões no total do ano-safra. O Citi e o JP Morgan apontam o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 1,7 bilhão como principal indicador de frustração, valor que ficou bem abaixo das estimativas de mercado. O número representa uma queda de 53% em relação ao ano anterior e, para o JP Morgan, foi menos da metade da expectativa de R$ 3,8 bilhões.
O Citi observa que o fraco desempenho foi agravado por fatores não recorrentes, como a descontinuação de operações de trading, que impactaram negativamente o Ebitda em mais de R$ 900 milhões. Já o Banco do Brasil reforça que os custos cresceram mais do que as receitas em todas as linhas de negócio, pressionando margens e ampliando o peso do endividamento, que segue elevado.
Todos os relatórios apontam dificuldades nos principais segmentos de atuação. O JP Morgan destaca o desempenho fraco nas divisões de Açúcar & Etanol e Distribuição de Combustíveis, devido a pressões de custo, concorrência e efeitos climáticos, especialmente na Argentina. O Citi também chama atenção para o recuo de 39% no Ebitda da Mobilidade no Brasil e a queda nas margens por metro cúbico.
As três instituições destacam que a Raízen lançou um novo plano operacional para o ciclo 2025/26, com foco em redução de custos e reestruturação. Há convergência sobre a estimativa de impacto positivo de R$ 500 milhões por ano no Ebitda. Entre as metas, estão a moagem de 72 a 75 milhões de toneladas de cana e um mix mais açucareiro, além da concentração em atividades principais como mobilidade e produção de etanol.
As divergências aparecem nas leituras sobre o potencial de recuperação. O Banco do Brasil adota uma postura mais cautelosa, afirmando que os efeitos das medidas adotadas devem levar tempo para se refletir nos resultados, dado o alto nível de alavancagem e os desafios operacionais. Também destaca a necessidade de desinvestimentos e ajustes estratégicos.
O Citi reconhece o cenário ainda desafiador, mas mantém recomendação de compra das ações, com preço-alvo de R$ 3 por ação, argumentando que a nova gestão vem promovendo mudanças estruturais com foco em melhorar os resultados no longo prazo. A expectativa é de geração de caixa positiva a partir das próximas duas safras.
De forma semelhante, o JP Morgan manteve recomendação de compra, apostando na execução da estratégia de médio e longo prazo, embora espere reação negativa do mercado no curto prazo devido ao prejuízo elevado e à continuidade da queima de caixa.