
Agricultores e pecuaristas protestaram e entraram em confronto com a polícia, em Bruxelas, Bélgica, em manifestação contra a assinatura do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Sindicatos rurais organizaram várias marchas com destino à Praça Luxemburgo, onde está o Parlamento Europeu, em oposição ao tratado que pode ser assinado ainda nesta semana, informam agências internacionais.
Leia também
UE alcança acordo sobre salvaguarda agrícola para produtos do Mercosul
Setor leiteiro pressiona governo por investigação de importações do Mercosul
Mercosul precisa melhorar relação de acordos comerciais com outros blocos, diz CNA
O acordo prevê a eliminação gradual de tarifas de importação de produtos dos dois blocos regionais, criando uma zona de livre comércio. Os produtores rurais europeus afirmam que as condições do acordo lhes são prejudiciais, podendo afetar seus meios de subsistência.
Durante a última edição da Agritechnica, feira de tecnologia agrícola, em Hannover, na Alemanha, ainda no mês de novembro, a reportagem da Globo Rural ouviu agricultores locais, que manifestaram sua preocupação.
Nesta semana, o Parlamento Europeu aprovou a adoção de mecanismos de salvaguarda caso as importações de produtos agrícolas do Mercosul cresçam até um determinado patamar. O texto é mais rigoroso que a proposta original. Na quarta-feira, a Comissão Europeia divulgou o que seria a versão definitiva das regras de proteção local.
Produtores rurais europeus queimam pneus em protesto contra acordo entre Mercosul e União Europeia
Getty Images
O acordo entre Mercosul e União Europeia vem provocando divisões entre governos do bloco europeu. Enquanto Espanha e Alemanha defendem a assinatura do tratado.
“Este acordo comercial é o primeiro de muitos que devem vir para que a Europa ganhe peso geopolítico e geoeconômico num momento em que está sendo questionada por adversários declarados, como (o presidente russo Vladimir) Putin, ou mesmo por aliados tradicionais”, disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
A principal força de oposição vem da França e da Itália. Polônia, Bélgica, Áustria e Hungria também estão entre os críticos.
O presidente da França, Emmanuel Macron, exigiu a inclusão de salvaguardas, o que, conforme agências internacionais, seria também um movimento para evitar uma ascenção da extrema-direita francesa. Macron pediu também regulamentações masi rigorosas para os países do Mercosul, como restrições ao uso de químicos e aumento do rigor nas inspeções.
A primeira-ministra da Itália, Georgia Meloni, disse considerar “prematuro” um acordo neste momento. A expectativa inicial era a de lideranças dos dois blocos assinarem o acordo neste fim de semana. A criação de uma zona regional de livre comércio está em negociação há pelo menos 25 anos.
Também nesta quinta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von Der Leyen, defendeu a assinatura do acordo e pediu o apoio dos 27 países da União Europeia. “É de enorme importância que obtenhamos o sinal verde para o Mercosul e que possamos concluir as assinaturas para o Mercosul”, disse.
A zona de livre comércio entre os dois blocos seria a maior do mundo. Da parte do Brasil, maior economia do Mercosul, o governo defende a assinatura do acordo e considera que o momento atual é positivo para uma conclusão das negociações.
Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou do que chamou de indecisão dos europeus. Reiterando críticas aos governos de França e Itália, disse que os sul-americanos cederam em tudo o que foi possível.
Neste sábado, em Foz do Iguaçu (PR), o Mercosul realiza sua reunião de Cúpula. Lula disse que o encontro estava marcado para novembro, mas a pedido dos europeus foi adiado, esperando pelo sinal verde dos governos da Europa para, enfim, assinar o acordo.
(com agências internacionais)






