A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai liberar R$ 67 milhões para apoiar o escoamento e a comercialização de até 250 mil toneladas de trigo da safra 2024/25. A medida, anunciada nesta sexta-feira (7/11) em Porto Alegre, beneficia produtores rurais e cooperativas do Rio Grande do Sul e do Paraná, que enfrentam a desvalorização do preço do cereal no mercado.
Initial plugin text
Segundo a Conab, no Rio Grande do Sul, o preço médio da saca de 60 quilos de trigo está em torno de R$ 58, enquanto o valor mínimo estabelecido pelo governo é de R$ 78,51. Com isso, o prêmio estimado seria de mais de R$ 20 por saca. Já no Paraná, as cotações giram em torno de R$ 64 a saca, o que resultaria em um prêmio estimado em R$ 14,51.
A previsão é de que a medida permita o escoamento de até 148 mil toneladas do Rio Grande do Sul e 102 mil do Paraná, os principais produtores de trigo no Brasil. Segundo o presidente da Conab, Edegar Pretto, caso não haja demanda suficiente pelo auxílio para escoamento em um dos Estados, o outro irá absorver os recursos que sobrarem
“Nesta hora de dificuldade do setor, o governo precisa reagir. É fundamental que o produtor continue plantando, e essas ações de escoamento da safra de trigo asseguram renda ao agricultor e o abastecimento do mercado interno”, destaca Pretto.
Subvenção
A subvenção econômica será executada por meio de leilões públicos, preferencialmente, com o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), mecanismo que pode ser acionado quando o preço de mercado de um produto agrícola fica abaixo do Preço Mínimo fixado pelo governo federal. Outra opção é o Prêmio de Escoamento do Produto (PEP), que também pode ser acionado caso o preço caia abaixo do mínimo.
Em ambos os casos, o produto precisa ser escoado para fora dos Estados produtores para enxugar os mercados locais.
No Pepro, o apoio é destinado ao produtor e/ou sua cooperativa que realizar a venda com base na diferença entre o Preço Mínimo estabelecido e o valor arrematado no leilão. Já no PEP, quem recebe o apoio é o segmento de mercado (indústria ou comerciante de cereais) que deve comprar o produto do produtor e/ou de sua cooperativa pagando o Preço Mínimo estabelecido. Ambos os instrumentos precisam cumprir condições de escoamento previstas no aviso específico, a ser publicado pela Conab.
Os avisos públicos para os leilões devem ser publicados em dez dias. Os certames ocorrerão por meio do Sistema de Comercialização Eletrônica da Conab (Siscoe). Para participar, é necessário estar cadastrado em uma das Bolsas de Mercadorias credenciadas à Conab e no Sistema de Cadastro Nacional de Produtores Rurais e demais Agentes (Sican). É preciso, também, estar regular junto ao Sistema de Registro e Controle de Inadimplentes da Conab (Sircoi), ao Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf) e ao Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin).
Estimativas de área e produção
A Conab estima, em 2025, uma produção nacional de 7,7 milhões de toneladas de trigo, 2,4% abaixo da safra de 2024. A redução prevista para a colheita decorre, principalmente, da retração de 19,9% na área cultivada, motivada por condições menos favoráveis ao cultivo no momento de decisão da implantação da atual safra.
O Rio Grande do Sul é o principal produtor do cereal no Brasil. O Estado finalizou a semeadura com uma área de 1,16 milhão de hectares, queda de 13,7% em relação à safra anterior. A produção está estimada em 3,7 milhões de toneladas, recuo de 6,3%. A colheita atualmente está em 40% da área total.
Já no Paraná, que é o segundo maior produtor de trigo do país, estima-se uma área de 824 mil de hectares, redução de 28,1% em comparação com o ciclo anterior. A produção está prevista em 2,5 milhões de toneladas, aumento de 5,9%. Aproximadamente 90% da área total do estado já se encontra colhida.