Produtores de manga da região do Vale do São Francisco calculam perdas de R$ 80 milhões com a tarifa de 50% sobre as importações do Brasil pelos Estados Unidos. O presidente americano, Donald Trump assinou, nesta quarta-feira (30/7), a ordem executiva com a medida.
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Em anos de normalidade, os embarques da fruta para o mercado americano cerca de 250 contêineres. A “janela” de exportação vai do início de agosto até a primeira metade de outubro.

Para Paulo Dantas, diretor da Agrodan, maior exportadora brasileira da fruta, que cultiva em 1.300 hectares, o impacto imediato será sobre pequenos e médios produtores. “Muita gente planta pensando exclusivamente no mercado americano, especialmente da variedade Tommy, que responde por cerca de 70% do que é enviado para os Estados Unidos”, diz.

Segundo ele, a Europa, que poderia ser uma opção, não tem capacidade de absorver esse volume nem aprecia tanto essa variedade. A alternativa, explica, será reduzir drasticamente o volume exportado, “talvez mandar 40 ou 50 contêineres por semana, para tentar manter o preço elevado com menor oferta”, avalia.

É a partir desse volume que o produtor faz a conta. Se os embarques forem de apenas 50 contêineres por semana, o volume que não for exportado em um mês equivaleria a 2 mil hectares de plantações da fruta.Tomando por base um custo de produção de R$ 40 mil por hectare, são R$ 80 milhões em perdas.
Ainda que a Agrodan esteja relativamente protegida neste momento por operar exportações ao longo de todo o ano e exclusivamente para o mercado europeu, o cenário é de preocupação generalizada. “Se a Europa começar a receber muita manga, o preço vai despencar”, avalia.
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Atualmente o mercado interno brasileiro absorve 82% da produção, “por isso não está preparado para receber uma enxurrada de frutas que seriam destinadas à exportação”, avalia o produtor.
Os preços da fruta, que há cinco semanas estavam em R$ 4,00 o quilo em Petrolina (PE), oscilam atualmente entre R$ 0,80 e R$ 1,00 o quilo.

“É provável que muita gente deixe de colher”, diz. “Vai ter muita gente desesperada, sem dinheiro para honrar compromissos. O mercado interno está saturado e desorganizado. A exportação sempre foi uma válvula de escape, mas agora essa porta está se fechando”, acrescenta.