Objetivo é fazer comercialização direta da fruta com denominação geográfica do norte catarinense A família de Eliane Muller cultiva banana em Corupá, no norte de Santa Catarina, há 116 anos. Produtora e ativista da “banana mais doce do país” há 14 anos, ela conta que batalha agora pela criação de uma cooperativa de comercialização da fruta para que os produtores da região não fiquem nas mãos de atravessadores que compram a fruta nas fazendas, comercializam em todo o Brasil, mas não divulgam a origem.
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“O inverno se tornou nosso aliado na produção da banana. A nossa fruta é mais doce devido às condições climáticas em que é produzida. O tempo para desenvolvimento é maior quando comparado com outras regiões, resultando em concentração maior de amido, que se transforma em açúcar natural”, diz Eliane, que tem 40 mil plantas, colhe por ano cerca de 38 toneladas de banana por hectare e, além de atender ao mercado interno, exporta para Argentina e Uruguai.
Em 2018, a banana de Corupá se tornou a primeira fruta tropical a receber o selo de reconhecimento de Denominação de Origem (DO) do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Testes apontaram que a banana do tipo nanica de Corupá pode ser até 25% mais doce naturalmente devido às características do solo, relevo e clima.
De 28 a 31 de maio, em Gramado (RS), a banana de Corupá foi um dos destaques dos estandes de degustação e venda de produtos no Connection Terroirs do Brasil, encontro do setor de IG (Indicações Geográficas).
Eliane Muller apresentou a banana de Corupá (SC) em evento de indicações geográficas; fruta é até 25% mais doce naturalmente
Eliane Silva/Globo Rural
Segundo a produtora, o cultivo da banana, atividade agrícola mais importante da região em que mora, envolve 980 famílias em Corupá e mais três municípios: Jaraguá do Sul, São Bento do Sul e Schroeder. Atualmente, 47 famílias têm direito a usar o selo do Inpi.
“Formamos uma associação e, com o reconhecimento da DO, resgatamos o orgulho dos produtores. Atualmente, cada família tem a sua agroindústria para processar a banana. Cerca de 15% da nossa produção já vira superprodutos (e não subprodutos) da banana, como o tipo desidratado, doces, chips etc.”
Eliane diz que, em 2018, teve que aprender a “pelear” com políticos em Brasília para defender a banana nacional. “Tivemos que entrar na Justiça para impedir a importação de banana equatoriana por questões comerciais e, principalmente, fitossanitárias.”
Definindo sua formação como “filha de agricultores metida a besta”, Eliane se orgulha de conhecer 17 países e dar palestras graças a seu ativismo pela “banana doce por natureza”.
*A jornalista viajou a convite da Connection Terroirs do Brasil