
Antecipação da colheita pode fazer com que o grão perca qualidade Com medo de uma nova onda de volatilidade derrube os preços recordes do café nas bolsas internacionais, os produtores de Espírito Santo e Rondônia – polos da espécie canéfora – estão acelerando a colheita e os trabalhos de beneficiamento para escoarem a safra 2025-26.
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De acordo com o pesquisador da Embrapa Rondônia, Enrique Alves, o Estado já atinge aproximadamente 35% da área colhida. Para ele, dava para esperar mais algumas semanas a fim de assegurar mais qualidade do grão.
Hoje, o Estado possui cerca de 200 mil hectares de café robusta amazônico plantado no território, com uma produtividade média de 54 sacas por hectare. Alves explica à reportagem que o produtor quer aproveitar os preços e fica ansioso para acelerar os trabalhos de campo.
“O produtor pode perder 30% da massa do grão antecipando a colheita no estágio em que ele ainda está verde. É bom monitorar e saber esperar as próximas semanas, pois se ganha em qualidade e peso do grão”, recomendou o pesquisador.
Pesquisador Enrique Alves, da Embrapa Rondônia
Thiago de Jesus/Globo Rural
Ano passado, o robusta foi elevado a patrimônio cultural, o que tem ajudado a impulsionar as marcas próprias da área de Matas de Rondônia, onde há Indicação Geográfica, além do mercado de exportação de grãos especiais.
A segunda previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a produção de café robusta em Rondônia para a safra 2025-26 indica um aumento de 11,5% em relação ao ano anterior, atingindo 5,6 milhões de sacas.
Em 2024, o valor bruto do produto (VBP) do café robusta de Rondônia chegou a R$ 3,4 bilhões. Para este ano, a expectativa é superar R$ 5 bilhões, destaca Alves.
No Espírito Santo, maior produtor de conilon do Brasil, o percentual de colheita está entre 30% e 35% também. De olho no regime de chuvas, cafeicultores mecanizados ou não, estão nas lavouras desde a madrugada para colher o café.
Os Estados têm perfil diferente. Enquanto no Espírito Santo a produção é mais voltada para volume e exportação, em Rondônia cresce o nicho de cafés especiais pelos aromas exóticos do robusta amazônico, o que deve guiar cafeicultores para que não se afobem e colham antes, alerta Alves.
Primo da variedade robusta, o conilon costuma ter um início de colheita mais adiantado, entre final de abril e maio. O cafeicultor Domingos Sávio Agrizzi está a todo vapor com as máquinas recolhedoras e um grupo de ao menos 12 funcionários fixos e outra dezena de safristas para alcançarem 40% a 50% da colheita dos 200 hectares de café na próxima semana.
Diferente do robusta, o conilon capixaba já está em fase de maturação concluída para tardia, com os grãos nas ramas das plantas em estágios irregulares. Por isso, não dá para esperar, reforça Agrizzi.
Estágios vegetativos do café – hora de colher e florada ao mesmo tempo no ES
Globo Rural/Isadora Camargo
No território capixaba, há 280 mil hectares de café plantados, segundo a Incaper. A produtividade média das áreas irrigadas este ano está em 100 sacas por hectare, informa o pesquisador da Embrapa, Fábio Partelli.
A estimativa de produção é superior a 13 milhões de sacas de 60 quilos beneficiadas – um aumento de 33,1% em comparação com as quase 10 milhões de sacas colhidas no ano passado. A maior safra registrada anteriormente no Estado foi em 2022, com uma produção total de 12,4 milhões de sacas.
Segundo a projeção da Conab, a produtividade média da lavoura deve alcançar 50,7 sacas por hectare em 2025, o que representa um crescimento de 35,5% em relação à safra anterior, que registrou 37,4 sacas por hectare.