
Deral alerta para riscos das intempéries climáticas no cultivo a céu aberto A chegada de frentes frias no Paraná tem preocupado produtores de hortaliças. Na madrugada desta terça-feira (24/6), o produtor Adriano Girelli, de Ponta Grossa (PR), viu os canteiros de folhosas, já danificados pela chuva de granizo que caiu na propriedade há cerca de 15 dias, serem atingidos pela geada. “Chuva e geada são os maiores problemas para a cultura. As perdas chegam a 90%”, calcula. Os termômetros marcaram 1º C com geada forte na região.
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Em sua área de 3,5 hectares, ele cultiva hortaliças como alface, brócolis, couve, repolho, salsinha, cebolinha, acelga e rúcula. Girelli projeta um prejuízo de mais de R$ 100 mil com as perdas. “O clima está nada favorável e a reserva financeira que tenho não dá conta de cobrir os custos de produção, que incluem funcionários, insumos, combustível”, detalha.
Com uma produção semanal que gira normalmente entre 40 mil a 50 mil unidades de folhosas comercializadas para duas redes de supermercado da cidade, ele coloca na projeção dos prejuízos o tempo de produção dos novos lotes – em torno de 90 dias – e mais o prazo de 45 dias para receber dos compradores após a entrega. Também deve haver atraso no desenvolvimento das plantas inseridas em novos canteiros.
Chuva de granizo caiu na propriedade há cerca de 15 dias
Adriano Girelli/Arquivo pessoal
O produtor adverte ainda que os pés de verduras que resistiram devem apresentar qualidade baixa para o consumidor final. “Faz a gente refletir se fica nessa atividade”, lamenta. Girelli ainda comenta que o seguro rural não compensa, uma vez que, no caso da horticultura, deve ser contratado por lote.
São 20 anos atuando na cultura, em uma área de baixada, que acaba sendo propícia para formação de geadas. Prevendo as intempéries, Girelli conta que investe na parte nutritiva das plantas, como a utilização de silício para aumentar a resistência a estresses ambientais.
O produtor também usa uma cobertura de sombrite, material originalmente utilizado na estufa destinada à produção de mudas. “Cuidar da nutrição é mais eficaz, o que permite que a planta se recupere”, explica.
Geada atingiu as hortaliças
Adriano Girelli/Arquivo pessoal
Recomendações
Paulo Andrade, engenheiro-agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, ressalta que “no cultivo a céu aberto, as intempéries climáticas são implacáveis”, referindo-se a granizo, geadas, seca ou inundação. Ele recomenda que os produtores adotem medidas de manejo preventivas para minimizar os impactos do frio intenso.
“Tanto a céu aberto como em ambiente controlado, como estufas, em suas olerícolas e sementeiras, o produtor rural pode, por meio de uso da irrigação, de coberturas físicas – de plástico, TNT, bambus, cobertura vegetal, aquecimento etc – resguardar a sua produção”, considera.
A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri), de Santa Catarina, orienta, para as hortaliças em geral, inclusive folhosas, manter aspersores ligados no dia em que a geada ocorre, até o nascer do sol. Isso porque a água tem temperatura maior em relação ao ambiente, formando camada de vapor que protege as plantas do congelamento. As hortaliças brássicas que estiverem em floração devem ter as folhas amarradas no topo, de modo a proteger os brotos.
Alerta de geada
Conforme previsão do Alerta Geada – serviço desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-Paraná) e Simepar, nesta quarta-feira (25/6), a forte massa de ar frio continua atuando no Paraná. As condições são favoráveis à formação de geada em todo o Estado, com intensidade forte nas regiões Centro-sul, Sul e nos Campos Gerais. Nas demais áreas do Paraná, a previsão é de geada fraca a moderada.





