Safra em Itatiba (SP) foi favorecida pelo clima favorável e deve somar 5,2 mil toneladas Conhecido desde 1925 como a “Terra do Caqui”, o município de Itatiba, no interior de São Paulo, está confirmando uma colheita volumosa da fruta nesta safra. Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura, a produção deve atingir cerca de 5,2 mil toneladas neste ano, patamar semelhante ao de 2024.
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“Esse é um resultado considerado positivo pelos fruticultores, uma vez que não foram registradas perdas expressivas por abortamento de frutos ou chuvas de granizo, dois fatores que frequentemente comprometem a colheita”, explica o técnico agrícola José Carlos Maziero.
O produtor Rodrigo Bisetto cultiva três hectares de caqui distribuídos em três propriedades e confirma o bom momento. “Este ano a produção está melhor que o passado, os frutos estão um pouco menores, mas estão bonitos e bem doces”, conta. No município, que pertence ao Circuito das Águas (roteiro turístico no interior do Estado de São Paulo), mais de 70 produtores cultivam em aproximadamente 160 hectares.
O cultivo da fruta é realizado em sua maioria por pequenos agricultores familiares. A variedade Rama Forte (caqui de polpa mole) domina os pomares locais, com mais de 90%, embora também sejam encontradas plantações menores de Fuyu (polpa dura) e da variedade Taubaté, em desuso comercial, mas que ainda resiste em alguns sítios e é destinada ao consumo doméstico.
O Rama Forte é preferido por sua rusticidade, adaptabilidade ao clima e menor suscetibilidade ao ataque de pássaros, diferentemente do Fuyu, que demanda mais cuidados. “O Fuyu é mais valorizado, mas exige muito manejo. Já o Rama Forte é mais fácil de lidar e responde melhor ao clima da região”, comenta Bisetto, que também cultiva goiaba, uva, pêssego e atemoia. O caqui, no entanto, é a principal cultura de sua produção, com colheita concentrada entre fevereiro e maio.
O cultivo da fruta é realizado em sua maioria por pequenos agricultores familiares
Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura de Itatiba
Já o produtor Roberto Ferrari divide a área de cultivo de caquis entre as duas variedades. Ele mantém 300 pés de Rama Forte e cerca de 250 pés de Fuyu, por seu maior valor agregado e melhor conservação pós-colheita. “O Fuyu é colhido firme e vai direto para o consumo, dura até 10 dias na prateleira. Ele produz um pouco menos, mas tem bom retorno”, explica.
Diferente do Fuyu, o caqui Rama Forte após a colheita vai para uma estufa onde recebe um banho de gás etileno para retirar o tanino da fruta e dura cerca de cinco dias na prateleira.
Atualmente os preços pagos aos produtores se situam em R$ 3,00 por quilo. “Houve uma valorização importante nos últimos dois anos, principalmente sobre os preços de 2023 que variaram entre R$ 1,00 e R$ 1,50 o quilo”, avalia Rodrigo.
Além de Itatiba, outras 70 cidades paulistas também se destacam na produção de caqui. O Estado de São Paulo é o maior produtor da fruta no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tendo colhido com safra de 78,1 mil toneladas, em 2023, respondendo por cerca de 48% da produção brasileira.
Colheita manual e seletiva
Com um sistema produtivo ainda baseado em mão de obra familiar, alguns produtores contratam ajuda apenas no período da colheita. A poda das árvores ocorre entre junho e agosto, momento em que o caqui exige frio para induzir a brotação. “O caqui precisa do clima certo na época certa. Um pomar novo começa a produzir após três anos do plantio, mas só com seis anos você atinge uma produção anual regular”, explica Bisetto.
A proximidade de Itatiba com importantes centros consumidores como Campinas e São Paulo facilita a comercialização da safra. Parte da produção é direcionada aos grandes mercados atacadistas, como Ceasa-Campinas e Ceagesp de São Paulo, mas alguns produtores têm apostado no turismo rural.
Carlos Alberto Capelleto diversifica a renda familiar com a venda de doces, bolachas, geleias e até vinagre artesanal de caqui
Arquivo pessoal
É o caso do produtor Carlos Alberto Capelleto, que diversifica a renda familiar com a venda de doces, bolachas, geleias e até vinagre artesanal de caqui. “O vinagre é feito com as frutas bem maduras, que não vão para o mercado”, conta.
Carlos Alberto conta que este ano foi surpreendido por uma produção acima do esperado. “Deixei mais galhos nos pés porque o pomar ainda se recuperava de um granizo de dois anos atrás. Achei que fosse produzir menos, mas deu muita fruta e de boa qualidade”, conta. Com isso, o produtor está colhendo várias vezes na mesma área, uma vez que retira apenas os frutos maduros.