Temperaturas baixas, geadas e nevoeiros marcam período no Sul, Sudeste e Centro-Oeste Maio começa nesta quinta-feira (1/5) e deve repetir duas características climáticas já apresentadas em abril: declínio das temperaturas e redução das chuvas em grande parte do Brasil. A condição se intensifica, principalmente, no Sul, Sudeste e Centro-Oeste pela aproximação do inverno, estação que sucede o outono a partir de 20 de junho de 2025.
Como fica o clima em maio?
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As três regiões terão episódios frequentes de geada nas áreas mais altas dos Estados, além de nevoeiro, fenômeno meteorológico que acontece quando a umidade se condensa próximo ao solo e prejudica a visibilidade.
“Com menos horas de sol, a expectativa é que as temperaturas diminuam, enquanto no Norte e Nordeste, que ficam perto da Linha do Equador, a temperatura oscila pouco ao longo do ano e segue elevada. O que percebemos ali é que chamam de inverno o período chuvoso porque, quando chove e tem menos sol, passa a sensação de frio”, destaca Celso Luis de Oliveira, meteorologista sênior da Safira Energia.
Em relação às chuvas, a proximidade com o Hemisfério Norte também define como será o volume de precipitação, aponta o especialista ouvido pela Globo Rural.
“Na região central do país, principalmente Centro-Oeste, Sudeste, interior do Nordeste e boa parte do Norte, com destaque para Tocantins, Pará e Rondônia, entram em um período bem mais seco. A chuva fica restrita a algumas áreas. No Nordeste, chove na faixa entre Rio Grande do Norte e Bahia e no Norte, aos poucos, a chuva começa a migrar para Roraima. Ela atravessa a Linha do Equador e fica mais intensa”, complementa Oliveira.
Fará muito frio em maio?
Os modelos meteorológicos projetam a entrada de uma massa de ar polar forte no país na primeira quinzena do mês, revela o meteorologista Willians Bini.
O fenômeno irá provocar queda acentuada das temperaturas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Outros episódios podem acontecer na sequência do mês, mas de forma leve.
“Há risco de geada em áreas de maior altitude, mas o frio intenso será pontual e não se estenderá por longos períodos”, diz.
Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, corrobora com a tese. Por volta do dia 10 de maio, novas massas de ar polar vão avançar da Argentina para o Sul do Brasil, segundo o especialista. “Podemos ter frio extremo perto do feriado de dia das mães, com temperaturas negativas em regiões serranas”.
Santos afirma que será a primeira “grande onda de frio” de 2025, e que vai causar a ocorrência de geadas. Inclusive, o frio deve avançar do Sul para o Sudeste e chegar até ao Centro-Oeste, derrubando as temperaturas em cidades que estão acostumadas com o calorão, em Mato Grosso, por exemplo. “Essas geadas podem causar problemas no milho no sul do Paraná e região, vamos ficar de olho”.
Previsão de temperatura média para maio no Brasil
Inmet
Podemos esperar calor?
Diferente de maio de 2024, que registrou onda de calor e temperaturas recordes, a probabilidade do fenômeno se repetir em 2025 é baixa, afirma Bini. As projeções indicam alternância entre picos de calor e incursões frias.
“Mesmo com tendência de temperatura acima da média, os períodos de calor intenso devem ser curtos e intercalados por refrescos”.
No ano passado, São Paulo, por exemplo, teve o mês de maio mais quente dos últimos 81 anos, com a média passando de 23,4ºC para 27,3ºC.
Uma das explicações foi a presença do fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento acima do normal das águas do Pacífico. Já em maio de 2025, o clima está em período de neutralidade após o fim do La Nina, confirmado em 10 de abril pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA).
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“Isso (El Niño) ajudou a elevar as temperaturas não apenas em maio, mas, na verdade, viemos de um primeiro semestre inteiro de temperaturas muito altas. Já nesse ano, não temos o El Niño, o que diminui a chance de ondas de calor”, completa Celso Filho, da Safira Energia.
Previsão de chuva acumulada para maio no Brasil
Inmet
Veja a previsão para cada região do Brasil
SUL
Chuva: a expectativa é que a precipitação fique mais concentrada sobre o Rio Grande do Sul, enquanto o Paraná, mais próximo do Sudeste, deve registrar diminuição dos volumes em relação a abril.
Temperatura: uma massa polar vai provocar queda nas temperaturas no início do mês, com mínimas abaixo de 10°C na serra (gaúcha e catarinense). Após o evento, o clima retorna ao padrão de outono, ficando mais seco e ameno.
SUDESTE
Chuva: a região terá diminuição da precipitação, o que vai provocar uma maior amplitude térmica, ou seja, madrugadas frias e tardes quentes. As chuvas continuam em direção ao litoral de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo e, eventualmente, chegam na Zona da Mata de Minas Gerais. Os volumes, no entanto, serão bem mais fracos aos registrados em abril e no verão.
Temperatura: as frentes frias em ação no Sul causam quedas rápidas de temperatura também no Sudeste. Em Campos do Jordão (SP) não se descarta a formação das primeiras geadas do ano.
CENTRO-OESTE
Chuva: com o fim da estação chuvosa, o mês de maio será de chuva abaixo da média e tempo bem seco em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Temperatura: a previsão indica dias quentes, máximas acima dos 30ºC e baixa umidade relativa do ar. No entanto, incursões de ar polar podem atingir a região no começo do mês e provocar resfriamentos temporários. A amplitude térmica, com madrugadas frias e tardes quentes, ficará evidente nas áreas mais altas, como em Goiás.
NORTE
Chuva: maio deve registrar chuva em partes da Amazônia, mas com a tendência de redução em relação ao mês de abril, fazendo o acumulado ficar próximo ou abaixo da média. Com a Zona de Convergência Intertropical, sistema conhecido pela migração entre o Hemisfério Norte e o Hemisfério Sul, os volumes podem aumentar no Amapá, Roraima, norte do Pará e norte do Amazonas.
Temperatura: apesar da proximidade com a Linha do Equador, as temperaturas também caem nas áreas mais altas. No sul da Amazônia, por exemplo, a chance é de friagem caso alguma massa polar intensa avance pelo país.
NORDESTE
Chuva: os volumes podem ficar acima da média entre o Maranhão e o Piauí, enquanto o sertão se mantém dentro da normalidade. Já no Sul, a tendência é que a média seja abaixo do esperado.
Temperatura: a presença da chuva reduz a sensação de calor, mas as temperaturas devem ficar ainda acima da média.