
A possível retomada nas vendas de soja dos Estados Unidos para a China pode pressionar os prêmios pagos nos portos brasileiros pela commodity, no momento em que a comercialização da safra 2025/26 está bastante atrasada. A avaliação é da consultoria Céleres.
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O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projeta a safra de soja americana em 116,8 milhões de toneladas, 2 milhões abaixo da produção na temporada 2024/25 e menor que o esperado inicialmente, devido à redução de área.
A queda na produção sustenta as cotações na bolsa de Chicago, com alta de 6% nas últimas semanas. No Brasil, aponta a Céleres, os preços permanecem estáveis. Na avaliação da consultoria, com o início da colheita nos EUA, uma possível retomada das compras pela China pode levar a uma redução nos prêmios em 2026.
Por outro lado, o ritmo lento de comercialização nos Estados Unidos em agosto indica uma alta disponibilidade de grãos, o que pode pressionar os preços em Chicago para o ciclo 2025/26. Neste cenário, a principal variável para formação de margens para o produtor brasileiro é a taxa de câmbio e a produtividade em 2025/26.
Pressão no milho
Em relação à cultura do milho, o cenário é de incertezas para o planejamento da safra 2025/26, avalia a Céleres. Entre os fatores, estão a volatilidade dos preços e das margens, impulsionada pela desvalorização do dólar e pelas tensões geopolíticas e comerciais entre Estados Unidos e Brasil.
O USDA projeta uma safra recorde milho nos Estados Unidos em 2025/26, totalizando 425,3 milhões de toneladas. A de 2024/25 foi de 377,6 milhões. A produtividade média está estimada em 200 sacas por hectare, gerando estoques elevados, de 53,8 milhões de toneladas, 20 milhões de toneladas acima do estoque final da safra 2024/25.
O excedente de produção pressiona as cotações em Chicago. As cotações para setembro estão abaixo de US$ 4,00 por bushel, tornando o milho americano mais competitivo no fim do segundo semestre deste ano, segundo a Céleres.
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Os compromissos de exportação para a safra 2025/26 até o fim de agosto já estavam em 15 milhões de toneladas, o dobro do ano passado e 20% acima da meta de exportação para essa temporada, observou a consultoria.
O cenário dificulta as exportações brasileiras da segunda safra 24/25, com preços pressionados e com a política de desvalorização do dólar do governo Trump.
Por outro lado, o aumento da demanda interna deve sustentar os prêmios locais acima da paridade de exportação.