
Empresa projeta aumento de 15% das exportações nos próximos três anos A Polpanorte, líder de vendas de açaí no Brasil, com cerca de 20% de participação no mercado, quer ampliar presença no mercado interno e externo, o que deve colocar o faturamento da empresa em R$ 600 milhões este ano, em alta de 11% sobre o desempenho de 2024.
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Nascida em 1995, no município de Japurá (PR), com a produção de polpas de frutas como acerola, maracujá e goiaba, a empresa lançou sua primeira linha de produtos a base de açaí em 2015. Com o bom desempenho, inaugurou em 2021 uma fábrica no município de Benevides, no Pará, dedicada ao despolpamento da fruta.
A unidade do Pará, atualmente com capacidade para processar 50 toneladas por dia, deve dobrar de volume em 2026. Para isso serão investidos cerca de R$ 60 milhões. “Nossas metas são melhorar a tecnologia, ampliar a produção de açaí e também iniciar o processamento de outras frutas nativas como o cupuaçu e acerola”, explica João Zeppone, CEO da Polpanorte.
Com um portfólio de 120 itens, desde 2017 o açaí é o carro-chefe da Polpanorte. “Mantemos um ritmo de crescimento neste segmento acima de 20% ao ano há pelo menos três anos”, destaca o executivo.
João Zeppone, CEO da Polpanorte.
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Tendências de mercado
O crescimento acompanha as tendências de mercado e as mudanças no comportamento do consumidor, como, por exemplo, o aumento da demanda por produtos mais acessíveis, conhecido como itens low price.
No caso do açaí são itens abaixo de R$ 20 por quilo. “Nesse contexto lançamos a linha Origem Toda Hora, com menor concentração de polpa, mas a mesma qualidade sensorial, para o consumidor que busca bom custo-benefício”, conta Carlos Bentim, diretor comercial e de marketing da Polpanorte.
A linha já representa uma fatia importante das vendas da empresa. “Essa categoria saltou de 18% para 40% do mercado varejista de açaí em apenas um ano. Nossa expectativa é atingir 800 toneladas por mês e conquistar 10% de participação nesse nicho”, calcula Bentim. Com isso, a empresa, que já é líder nas vendas de itens premium, também aposta na liderança no segmento low price.
A Polpanorte também pretende manter sua presença no consumo fora do lar. Hoje, 65% das vendas da empresa são voltadas a pequenos transformadores, como lanchonetes, cafeterias e microempresas de food service. “Nosso olhar está muito atento ao pequeno empresário, que é nosso parceiro estratégico”, explica Zeppone.
No cenário internacional, a empresa já exporta para mais de 20 países e pretende ampliar sua participação externa de 6% para 20% até 2028. Austrália, Estados Unidos e o mercado europeu estão entre os focos principais. “Estivemos recentemente em Portugal, e a receptividade ao açaí brasileiro é impressionante. Acreditamos que estamos apenas na ponta do iceberg do potencial de exportação desse superalimento”, diz Bentim.
Fábrica da Polpanorte em Japurá (PR)
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Parcerias no campo
Desde o início das operações no Norte do País, a Polpanorte atua em parceria com cooperativas ribeirinhas promovendo um novo ciclo de fomento agrícola para o plantio de açaí em áreas manejadas por pequenos produtores. Atualmente, cerca de 40 cooperativas ribeirinhas fornecem açaí para a empresa, reunindo mais de 1.200 famílias de produtores.
“Temos aplicado o mesmo modelo de fomento que deu certo no Paraná, com apoio técnico e financeiro a pequenos produtores, viabilizando economicamente o cultivo do açaí”, explica Zeppone. A estratégia tem gerado resultado, os preços pagos ao produtor que oscilavam em R$ 4 por quilo em 2010, nesta safra seguem negociados a R$ 70 este ano.
Este ano a empresa comemora 30 anos, dos quais 20 foram dedicados à produção e comercialização de frutas congeladas, como acerola, maracujá, goiaba, manga e abacaxi, período em que a empresa desenvolveu uma rede robusta de pequenos produtores locais, transformando o município de Japurá (PR) em um dos principais polos de produção de acerola do Paraná.