
O plantio do trigo nos dois principais produtores do Brasil, Rio Grande do Sul e Paraná, está praticamente concluído. Nos dois Estados, estima-se uma redução da área plantada. De acordo com a Emater-RS, a diminuição é reflexo do risco climático para a cultura, dos preços e baixa demanda por crédito para custeio, além do endividamento e à restrição ao seguro rural via Proagro pelos produtores.
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Segundo boletim da Emater-RS, aproximadamente 97% da área gaúcha estimada para o trigo já foi plantada, um avanço em relação aos 92% registrados na semana anterior, aos 93% no mesmo período da safra passada e aos 95% da média histórica. As lavouras restantes se concentram em regiões de clima mais frio, onde a janela de plantio é mais longa conforme o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), o que visa reduzir riscos como geadas tardias em fases sensíveis da cultura.
A área cultivada no Rio Grande do Sul é estimada em 1.198.276 hectares, uma redução de 10% em relação à safra passada. Já a expectativa inicial de produtividade é de 2.997 quilos por hectare, um aumento de 7,77% ante a temporada anterior, segundo projeções da Emater.
Paraná
Já o Paraná concluiu nesta semana o plantio de trigo, registrando uma área 27% menor em comparação ao ano passado. Segundo boletim do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, foram plantados 833,4 mil hectares. Em 2024 a área chegava a 1,134 milhão de hectares.
“As condições estavam excelentes até 25 de junho, porém as geadas impactaram as lavouras em estágios reprodutivos, que se concentravam à época na região Norte”, explicou Carlos Hugo Godinho, analista de trigo do Deral.
No próximo dia 31 de julho, o Deral divulgará a primeira estimativa de produção após o evento climático. Há expectativa de que o volume fique abaixo dos 2,7 milhões de toneladas previstos na projeção anterior. Na safra 2023/24, o Paraná colheu 2,3 milhões de toneladas, enquanto na temporada 2022/23 a produção foi de 3,6 milhões de toneladas.
Godinho destaca que o principal sinal de redução vem da atual condição das lavouras. Atualmente, 82% da área está classificada como em boas condições, 11% como médias e 7% em condições ruins. Antes do frio intenso, 99% das lavouras estavam em boas condições e apenas 1% em condição média.
“Também já preocupa o grande número de dias sem chuvas na maior parte dos municípios do Estado, sendo as precipitações previstas para os próximos dias aguardadas com muita ansiedade no campo”, acrescentou o analista.
Desenvolvimento das lavouras
No Rio Grande do Sul, as condições climáticas têm favorecido o desenvolvimento das lavouras, segundo o boletim da Emater-RS. As chuvas ocorridas entre os dias 16 e 17 de julho estimularam a germinação, contribuíram para uma população mais uniforme de plantas e favoreceram a retomada do crescimento vegetativo, que havia sido impactado pela baixa umidade do solo.
Antes dessas precipitações, muitos produtores anteciparam a aplicação de adubação nitrogenada em cobertura, nos dias 15 e 16 de julho. A operação ocorreu sob condições técnicas consideradas ideais, com bom aproveitamento do nitrogênio e menor risco de compactação do solo, já que o tráfego de máquinas foi realizado com níveis reduzidos de umidade.
A reposição hídrica também permitiu o manejo de plantas daninhas por meio da aplicação de herbicidas em pós-emergência. No aspecto fitossanitário, houve intensificação no monitoramento e aplicação preventiva de fungicidas, em razão do aumento da umidade, que pode favorecer a ocorrência de doenças fúngicas.
Temperaturas mais amenas antes das chuvas também contribuíram para o aumento da população de pulgões, especialmente na região Noroeste do Estado. Diante desse cenário, produtores seguem com o monitoramento e, quando necessário, realizam o controle com inseticidas para proteger o desenvolvimento das lavouras.
Outras culturas de inverno
A semeadura da aveia branca e da cevada foi concluída dentro do período recomendado no Rio Grande do Sul. Após cerca de 20 dias de tempo seco, a ocorrência de chuvas com volume moderado beneficiou o desenvolvimento das lavouras.
No caso da canola, a semeadura também foi encerrada, e as precipitações bem distribuídas auxiliaram na retomada do crescimento das plantas e na evolução das fases fenológicas da cultura, aponta a Emater.
As lavouras de cevada, atualmente em fase de desenvolvimento vegetativo, apresentam bom estabelecimento inicial, segundo o boletim.