
Houve corte em algumas modalidades de investimentos O Ministério da Fazenda aposta na redução gradativa dos prazos de reembolso dos financiamentos a juros equalizados do crédito rural para tentar aumentar a eficiência do orçamento destinado à subvenção e diminuir gastos da União, que passa por aperto fiscal. No Plano Safra 25/26, o tempo de vencimento de várias operações ficou mais curto. O custeio passou de 12 para 11 meses, e a meta da Pasta é chegar a nove meses. Houve corte em algumas modalidades de investimentos.
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“No passado, quando os prazos eram de oito ou nove meses, o dinheiro ia e voltava. Um Plano Safra que equalizava 100, virava 180, 150. À medida que o prazo do custeio foi ampliado e chegou a um ano ou 13 meses, há uma contratação só”, explicou Gilson Bittencourt, subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais do Ministério da Fazenda, em conversa com jornalistas.
O prazo mais curto, segundo ele, está em linha com o ciclo de produção e geração de receita no campo, o que não deve comprometer ou atrapalhar a capacidade de pagamento dos credores.
“A nossa tese é, aos poucos, reduzir o prazo do custeio até chegar aos 9 meses, como era no passado”, afirmou. Segundo ele, a redução do prazo vai fazer com que o mesmo dinheiro possa ser emprestado mais de uma vez no mesmo ano-safra. “O dinheiro pode ter rodado duas vezes (…) É a famosa fábrica do dinheiro. Libero para você, você me paga, libero para o outro”, explicou.
“Um mês a menos em contrato de 12 meses gera economia de 8% do custo. Se temos dois meses a menos, a economia é de 16% do custo anual com a equalização. Em um contrato com recurso obrigatório, com 10 meses em vez de 12, durante um ano é possível rodar o dinheiro duas vezes”, explicou Bittencourt. “Isso nos ajudou a reduzir o custo e vai reduzir no futuro”, completou.
A mudança também faz parte de uma tentativa de simplificar o Manual do Crédito Rural (MCR). Antes, havia prazos diferentes para pequenos (Pronaf) e médios (Pronamp) produtores. Agora, os 11 meses valem para todos.
Alguns contratos ainda são mais longos, como no caso da pecuária. Mesmo assim, a mudança no ciclo de criação no campo impulsionada pela expansão do mercado chinês, que só compra carne de animais com até 30 meses, também força a redução de prazos.
“O ‘boi China’ forçou muito a redução. Antes, se engordava um boi em até cinco anos entre o nascimento e o abate. Hoje já tem gente produzindo, do nascimento ao abate, em dois anos”, pontuou.
O prazo do financiamento para recria e engorda em sistema extensivo, ou seja, de criação a pasto, caiu de 24 meses para 20 meses. “Ainda estamos bem acima do que seria o ideal. Mas vamos devagar. São quatro meses a menos e 20% a menos de custo. São 20% a mais que o dinheiro no interior vai começar a rodar”, exemplificou.
Na opinião de três bancos ouvidos pela reportagem, as alterações não vão gerar problemas operacionais na liberação dos financiamentos.