O agronegócio é peça-chave da economia brasileira. Em 2024, o setor representou 23,2% do PIB nacional, somando R$ 2,72 trilhões, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP). Além de sustentar quase um quarto da riqueza produzida no país, o campo é responsável por cerca de metade das exportações brasileiras, gerando divisas e equilibrando a balança comercial.
Essa relevância econômica reforça a importância de proteger toda a cadeia do setor, desde às áreas plantadas até as máquinas e equipamentos agrícolas, indispensáveis para a colheita e plantação.
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A proteção extra assume caráter urgente diante de um cenário cada vez mais desafiador. O avanço das mudanças climáticas tem imposto ao produtor rural uma nova dimensão de risco.
Secas severas, geadas atípicas, vendavais e enchentes tornaram-se mais frequentes e intensos, ameaçando a produtividade e os ativos do campo.O impacto é direto e resulta em perda de safra, danos a máquinas e equipamentos, interrupção das operações e prejuízos financeiros que podem comprometer anos de investimento.
Os eventos extremos que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024 são um exemplo emblemático. As enchentes devastaram lavouras inteiras e causaram destruição em infraestrutura e maquinário.
De acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), apenas em 2024 as indenizações pagas por sinistros no seguro rural ultrapassaram R$ 13 bilhões, com destaque para as coberturas de máquinas agrícolas, que registraram crescimento expressivo de 25% no volume de sinistros. Em muitos casos, o seguro foi o que permitiu ao produtor se reerguer, repor equipamentos e retomar o trabalho no campo.
O maquinário agrícola é o coração operacional das plantações. Um trator, uma colheitadeira ou um pulverizador representam investimentos que podem ultrapassar facilmente centenas de milhares de reais.
São bens de alta tecnologia e custo elevado, essenciais para manter a eficiência produtiva e a rentabilidade. Quando um equipamento desse porte sofre danos por alagamento, incêndio ou acidente de transporte, o prejuízo é imediato e pode comprometer toda uma safra.
É nesse ponto que o seguro de máquinas e equipamentos agrícolas se mostra fundamental, ao atuar como um “escudo financeiro”, permitindo que o produtor mantenha sua operação mesmo diante de imprevistos.

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Além da proteção patrimonial, o seguro traz previsibilidade e estabilidade para a gestão da propriedade. Ao diluir o risco e garantir liquidez em momentos críticos, ele ajuda a preservar o fluxo de caixa, a relação com fornecedores e a capacidade de honrar financiamentos.
No Brasil, onde o crédito rural é vital para sustentar a produção, o seguro é também um instrumento de segurança para o sistema financeiro e para toda a cadeia agroindustrial.
Apesar disso, a penetração do seguro de máquinas ainda é baixa no Brasil. Muitos produtores, especialmente os de pequeno e médio porte, veem o seguro como um custo adicional, e não como um investimento estratégico. Essa percepção precisa mudar.
O custo do prêmio é, na maioria dos casos, uma fração mínima frente ao valor do equipamento e ao potencial de prejuízo em caso de sinistro. O gasto para proteger esse bem é ínfimo, com taxas muitas vezes inferiores a 1% valor do maquinário por ano.
Além disso, o mercado segurador tem evoluído rapidamente, com produtos mais acessíveis, coberturas flexíveis e o uso de tecnologias como telemetria e monitoramento remoto para reduzir custos e agilizar processos de regulação.
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Vale lembrar também que o maquinário agrícola é hoje um dos principais vetores de modernização e tecnologia no campo. Tratores, colheitadeiras e pulverizadores de última geração integram sistemas de automação, sensores e conectividade que permitem monitorar dados em tempo real, reduzir desperdícios e aumentar a eficiência produtiva.
Esses equipamentos representam um investimento significativo em inovação e produtividade. E, justamente por isso, merecem proteção à altura.
Portanto, em um país que depende do campo para sustentar seu crescimento e garantir segurança alimentar, não é mais possível deixar de lado a proteção do patrimônio produtivo. O seguro de máquinas e equipamentos agrícolas é, hoje, uma ferramenta de gestão, de continuidade e de competitividade.
Ele não elimina o risco, mas transforma o impacto das perdas em capacidade de reação. E, no campo, onde o tempo e o clima não esperam, essa diferença pode ser decisiva entre recomeçar ou parar.
*Rodrigo Motroni é vice-presidente da Newe Seguros
As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural