A nutrição animal aliada à sustentabilidade tem ganhado espaço na pecuária leiteira. Durante a 25ª Agroleite, promovida pela Cooperativa Castrolanda entre os dias 5 a 8 de agosto em Castro (PR), produtores tiveram acesso a informações sobre tecnologias que prometem aprimorar o manejo nutricional, aliando aumento da produtividade, bem-estar animal e redução dos impactos ambientais da atividade.
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“Quando se melhora a eficiência na pecuária leiteira, a gente está sendo mais sustentável”, avalia o veterinário Perci Janzen, gerente de Nutrição de Ruminantes Brasil da Elanco. Ele ressalta que a nutrição representa em torno de 40% a 50% do custo de produção na atividade e que fazer uma dieta balanceada deve ser uma preocupação constante para o produtor que busca os melhores resultados na produção.
Janzen relaciona entre os principais pontos de atenção uma nutrição voltada aos estágios do animal. “No estágio inicial de lactação da vaca, ela terá uma demanda maior por energia”, exemplifica.
Outras recomendações são considerar o score de condição corporal (ECC) das vacas leiteiras, índice que aponta se o animal está muito magro ou obeso, assim como manter o fácil acesso para a alimentação. Nesse sentido, a orientação é garantir a oferta constante dos alimentos, por meio de pastagens bem manejadas, cochos próprios para volumosos e concentrados ou sistemas em que as vacas têm acesso livre à alimentação.
O gerente também chama a atenção para aditivos que contribuam para o manejo nutricional com foco na sustentabilidade. Ele destaca que um dos produtos da Elanco, o Rumensin, conquistou neste ano a certificação de solução redutora da pegada de carbono na pecuária.
A certificação é concedida pela auditoria FairFood, que reconhece empresas que desenvolvem soluções que mitigam impactos ambientais negativos, alinhando-se à crescente demanda por práticas mais sustentáveis no setor agropecuário global. Segundo Janzen, o produto é também uma solução que promete aumento da produtividade e bem-estar animal.
Sustentabilidade
Para o médico veterinário Thomer Durman, gerente de vendas da Alltech, todo projeto de sustentabilidade na propriedade rural deve ser baseado em três pilares. “O primeiro é a sustentabilidade econômica, se um projeto não é viável economicamente, o produtor não fica confortável para desenvolvê-lo. O segundo pilar é a sustentabilidade produtiva, ou seja, produzir mais com menos vacas, menor área e menos recursos naturais. E o terceiro é a sustentabilidade ambiental, que é o controle dos gases de efeito estufa obtido com eficiência alimentar e produtiva, bom manejo de dejetos, saúde do solo, entre outros”, descreve.
Durman cita a tecnologia nutricional redutora de metano composta por uma mistura de óleos essenciais, que modulam o crescimento de microrganismos benéficos no rúmen e traz ganhos para o desempenho de vacas leiteiras. Trata-se do Agolin, produto natural extraído de plantas, lançado na Agroleite.
Certificado pela The Carbon Trust para redução de metano em ruminantes, o produto já existente nos mercados americano, europeu e canadense, está chegando agora ao Brasil. O gerente destaca que a mistura para distribuição nacional será produzida no laboratório da Alltech em São Pedro do Ivaí, no Paraná.
Com compromisso de qualidade nutricional para a vaca e o leite produzido, aliada à redução da produção de metano, Durman aponta como benefício, ainda, o acesso ao mercado de crédito de carbono para a propriedade.
Manejo
A busca por eficiência produtiva foi um dos temas centrais no Seminário do Leite, realizado durante a Agroleite. O professor Ricardo Chebel, da Universidade da Flórida (EUA), conduziu uma palestra com foco na importância do manejo adequado durante a lactação, destacando os pilares fundamentais da produtividade.
“Higiene, conforto e nutrição são essenciais para alcançar eficiência produtiva e reprodutiva no rebanho leiteiro”, explicou. Chebel ressaltou que, embora muitas das técnicas já sejam conhecidas, o desafio ainda está na aplicação prática e consistente nas propriedades. “O produtor muitas vezes já tem a informação, mas não a utiliza. É preciso aplicar esse conhecimento”, afirmou.
Ele lembrou que existem novas tecnologias, como o monitoramento automatizado, que ampliam o acesso a dados, mas também se deve monitorar o rebanho com base na aparência dos animais, nos índices de doenças e nos índices produtivos. “Um técnico bem preparado é essencial para interpretar esses dados e auxiliar o produtor a tomar decisões que impactam diretamente no bolso”, completou.
*A jornalista viajou a convite da Elanco Saúde Animal