A entrada da nova safra de café no mercado começa a provocar queda nos preços pagos aos produtores do Paraná, mas o alívio ainda não chegou com força ao bolso do consumidor. Em julho, a média do café ao consumidor no Estado está em R$ 31,34 — quase o dobro dos R$ 16,10 registrados no mesmo período do ano passado.
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Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná, a safra atual deve resultar em 718 mil sacas colhidas (o equivalente a 43,1 mil toneladas), em uma área de 25,4 mil hectares. Isso representa cerca de 1% da produção nacional. Até agora, cerca de 68% da área cultivada já foi colhida.
De acordo com o agrônomo Carlos Hugo Godinho, o avanço da colheita já causou uma forte desvalorização nas cotações locais. “Esse avanço na colheita resultou em uma forte redução nos preços pagos aos cafeicultores paranaenses neste mês”, afirmou em nota técnica. A saca, que no mês passado superava os R$ 2 mil, agora está em torno de R$ 1,5 mil — uma queda de aproximadamente 40%.
Com os preços do café tradicional ainda elevados, o café solúvel aparece como alternativa mais acessível ao consumidor, segundo o boletim do Deral. O produto tem menor custo e forte presença industrial no Paraná, que abriga um dos principais polos produtivos do país e lidera as exportações do segmento.
No primeiro semestre de 2025, o Estado embarcou 15.240 toneladas de café solúvel, gerando US$ 199,6 milhões em receitas. O volume representa 35% das 43.478 toneladas exportadas pelo Brasil. Os Estados Unidos são o principal destino, com 15% das compras.
Por isso, o setor vê com preocupação a tarifa adicional de 50% anunciada pelo governo Trump sobre importações do produto. “Essa medida representa uma ameaça relevante ao segmento, com potencial de impactar as fábricas locais e, consequentemente, seus fornecedores, que não se restringem ao Paraná”, alertou Godinho.
No mercado internacional, a volatilidade permanece diante das incertezas do tarifaço e do avanço da colheita do Brasil, que ultrapassa os 60% em algumas regiões produtoras, como Minas Gerais e São Paulo.
Segundo a consultoria StoneX, os preços do café devem continuar em patamares maiores do que ano passado na bolsa de Nova York, o que dá resistência às cotações.