Pesquisa mapeou valor para custar o essencial em localidades rurais da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte Agricultores familiares e trabalhadores rurais precisam de uma renda de R$ 1.986,00 a R$ 4.996,00 por mês para viverem dignamente no semiárido nordestino. O maior valor é 3,29 vezes superior ao salário mínimo federal para este ano, de R$ 1.518,00. É o que mostra uma pesquisa da Fundação IDH, divulgada nesta terça-feira (17/6).
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O trabalho é do Anker Research Institute, em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). Considerando diferenças regionais, de custo de vida e de localização das propriedades, os pesquisadores buscaram mapear as condições necessárias para o bem-estar da população rural na Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
O estudo dividiu os três estados em 10 macrorregiões de salário digno (para os trabalhadores rurais) e renda digna (para os agricultores familiares): 3 na Paraíba, 4 no Rio Grande do Norte e 3 em Pernambuco.
Os pesquisadores definiram como “renda digna” o valor que permite custear o fundamental para uma família ter qualidade de vida. Para chegarem ao resultado, levaram em conta o custeio de alimentação saudável, educação, moradia, saúde e lazer. E adicionaram 5% para imprevistos e emergências, como as secas que atingem a região.
“São produtores que recebem uma renda mensal de menos de um salário mínimo, valor insuficiente para as despesas básicas”, explica Grazielle Cardoso, gerente do Programa Raízes da Caatinga, iniciativa da Fundação IDH que reúne setores público, privado e sociedade civil para apoiar a produção alimentar sustentável.
Renda digna e salário digno no Semiárido Nordestino
Segundo dados do Censo Agropecuário 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 1,4 milhão de agricultores familiares vivem no semiárido nordestino. A região concentra municípios com PIB per capital inferior à média nacional e da região Nordeste.
“Aumentar os rendimentos e a qualidade de vida da população rural desta região pode gerar impactos ambientais, econômicos e sociais positivos, evitando o êxodo rural” explica Grazielle.

Como aumentar a renda da população rural do Semiárido?

Grazielle afirma que melhorar a renda dos produtores e trabalhadores rurais do semiárido depende de algo importante para qualquer agricultor: acesso à assistência técnica, a crédito e mercados. “É importante haver uma governança para o território, e os agricultores estão participando das tomadas de decisão para que isso seja feito”, comenta.
Ela ressalta que o setor privado tem que olhar para o potencial dessa população. Para mercados locais, esses agricultores poderiam fornecer hortaliças, frutas e vegetais.
“Pensando nos maiores, há um grande potencial de produção de mel, de excelente qualidade; o algodão agroecológico, que vem crescendo entre as famílias, e já chama a atenção de algumas marcas; e a caprinocultura”, destaca.
O lançamento do estudo marca a celebração do Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, para destacar a urgência da promoção de cadeias produtivas para geração de renda digna com conservação ambiental e combate às mudanças climáticas na Caatinga.