
A franco-brasileira NetZero está estruturando um investimento entre R$ 35 milhões e R$ 40 milhões na instalação de uma usina de produção de biochar a partir da casca de arroz no município de São Lourenço do Sul (RS).
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A empresa espera formalizar o projeto, que será realizado em parceria com um consórcio formado por empresas arrozeiras e prefeituras da região, em meados de janeiro, a partir da captação de recursos com investidores e fundos. Após a assinatura, começa a contar o cronograma de implantação da usina, previsto para ocorrer ainda em 2026.
O projeto prevê capacidade para processar cerca de 30 mil toneladas de cascas de arroz por ano, com produção estimada de aproximadamente 10 mil toneladas anuais de biochar seco.
O biochar é um condicionador de solo rico em carbono, obtido por meio do processo de pirólise, ou seja, a queima da biomassa na ausência de oxigênio. De acordo com a empresa, a aplicação do produto pode resultar em aumento de produtividade entre 14% e 26% em lavouras e pastagens.
Segundo Pedro de Figueiredo, cofundador da NetZero e CEO da empresa no Brasil, a proposta é que a planta industrial pertença a uma associação de empresas encabeçada por ADB Alimentos e Josapar. Procuradas, as companhias não se manifestaram. O executivo observa que parte do biochar deve ser destinado a produtores parceiros dessas empresas.
Créditos de carbono
O Rio Grande do Sul concentra cerca de 70% da produção nacional de arroz, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com aproximadamente 7 milhões de toneladas anuais.
De acordo com Maria Alice Côrtes, diretora de desenvolvimento de novos negócios da NetZero, entre 20% e 25% correspondem à casca, o equivalente a cerca de 2 milhões de toneladas anuais de resíduo. “A ideia é instalar uma planta piloto e ampliar à medida que tenha demanda”, diz. Segundo ela, além do biochar, o projeto também visa à geração de créditos de carbono.
Regiões como a fronteira com a Argentina e o entorno de Pelotas concentram grande disponibilidade da biomassa. São Lourenço do Sul foi escolhida por uma combinação de fatores, incluindo a proximidade com áreas produtoras e o apoio institucional local. A prefeitura demonstrou interesse no projeto e auxiliou na articulação regional, que envolve outras administrações municipais e empresas fornecedoras de matéria-prima na formação de um consórcio.
Atualmente, a NetZero já atua em outros Estados, como Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás, onde produz biochar a partir de resíduos como casca de café e cana-de-açúcar. A estratégia da empresa é ampliar o uso de diferentes rejeitos agrícolas conforme o potencial regional.
“Nosso projeto tem como objetivo utilizar a maior quantidade possível de rejeitos agrícolas no país. E agora é a vez do arroz”, afirma Pedro Figueiredo.




