
No Japão, Patrícia Mie Suzuki viu de perto as práticas que seu avô aplicava Na região nordeste do Pará, às margens do Rio Acará-Mirim, fica o município de Tomé-Açu, um polo de imigração japonesa. Ainda nos anos 1920, mais de uma década depois de o primeiro navio de origem nipônica aportar no Brasil, o Japão começou a enviar missões de especialistas em técnicas de cultivo para desenvolver a agricultura no bioma amazônico.
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Egresso da província de Fukushima, Koji Suzuki foi um dos japoneses que desembarcaram no Pará nas décadas seguintes – e sua vocação para lidar com a terra passou para as gerações seguintes: de Koji para o filho, Ernesto, e dele para a filha, Patrícia Mie Suzuki.
A jovem de 27 anos cursou engenharia florestal na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), a mesma formação de seu pai. “Eu sempre me interessei pela área das ciências da terra. O meu sonho era contribuir de alguma forma para o meu município”, conta Patrícia, que durante a graduação fez um intercâmbio no país de seus antepassados. Nessa experiência, ela estudou na Universidade Agrícola de Tóquio.
No Japão, ela pôde entender e conhecer de perto as práticas que seu avô aplicava, como o sistema Satoyama, conceito japonês que em muitos aspectos se assemelha às agroflorestas brasileiras. Em essência, trata-se de criar um sistema integrado, aliando diversidade de espécies, sustentabilidade e manejo agrícola. Se no Japão os arrozais coexistem com árvores nativas, na Amazônia, os Suzuki acreditaram que o dendê poderia estar associado a espécies tropicais, como açaí e cacau.
Turismo rural
Por mais que tenha ligação familiar e afetiva com o Japão, é em Tomé-Açu que a engenheira florestal quer aplicar o que estuda. Hoje, ela cursa doutorado em Belém. Ao mesmo tempo, contribui com a Casa Suzuki, empresa familiar que comercializa itens produzidos em sistemas agroflorestais, como o chocolate, que tem o cacau como principal matéria-prima.
“Estou conseguindo juntar a produção com esse contexto do turismo rural”, relata Patrícia. Segundo ela, a propriedade tem recebido visitantes do Brasil e também de outros países interessados em práticas de agricultura sustentável.