O Conjunto Palmeiras, localizado na periferia de Fortaleza, ostenta um dado alarmante: é o bairro com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da capital cearense, marcando 0,119 — um número inferior ao registrado pelo país mais pobre do mundo, o Níger. Em meio a esse cenário, moradores denunciam o abandono do poder público e relatam dificuldades em diversas áreas essenciais, como infraestrutura, lazer e educação.
Na Areninha Beira Rio, espaço que deveria ser voltado ao lazer da comunidade, o cenário é de total descaso. Telas danificadas, mato alto e lixo acumulado fazem parte da paisagem. Maria de Fátima, dona de casa, relata com indignação: “Esse ano eu não estou vendo ela limpar, não. Quer dizer que os moradores aqui, quem tem que limpar aqui essa lateral? Porque senão fica cheio de mato, sujo. Tudo sujo. Se o morador não limpar, aqui fica sujo. Você está vendo? Quando você entrar, você vai ver o que é sujeira.”
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A Rua Evaldo Braga, no mesmo bairro, apresenta outro problema grave: a precariedade do asfalto. Buracos e lama tomam conta da via, forçando os próprios moradores a improvisar soluções. O artesão Ronaldo Ramalho descreve a situação: “A rua toda esburacada, cheia de lama, o Sanear escorrendo pela rua, lama, detritos das casas, então muitas pessoas doentes, muitas pessoas afetadas pela lama, pelo mal cuidado, mal trato. Então, a gente espera que o governo venha olhar para nós e venha cuidar, mudar, mande as pessoas competentes olharem isso aqui para nos ajudar.”
Além dos problemas estruturais, a educação também é motivo de frustração. As obras do Centro de Educação Infantil (CEI), orçadas em mais de R$ 4 milhões, estão paralisadas desde novembro do ano passado. O líder comunitário Glauber Lopes expressa o sentimento de abandono.
“A situação do Conjunto Palmeiras se encontra muito precária. As ruas, você vê, esburacadas, a areninha abandonada. E o pior que é a educação infantil. A gente tem essa creche que, depois das eleições, parou as obras. A gente pergunta aos nossos representantes, aos nossos prefeitos, aos nossos vereadores das câmaras de Fortaleza, o que será feito dessa obra de criança aqui dentro do Conjunto Palmeiras.” Ele ainda ressalta “As famílias esperam ansiosamente botar seus filhos para poder trabalhar, usufruir, sim, de um espaço que dê proteção às crianças, que hoje não, hoje se encontra abandonado.”
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O que diz a Prefeitura
Procurada, a Secretaria Municipal da Infraestrutura de Fortaleza (Seinf) informou que as obras da creche foram paralisadas ainda na gestão anterior, em novembro do ano passado. No entanto, mesmo após oito meses da nova administração do prefeito Evandro Leitão, não houve previsão para retomada das obras, e a assessoria não deu retorno ao questionamento sobre prazos.
Já a Regional 9, responsável pela área, afirmou que enviará uma equipe à Rua Evaldo Braga e à Areninha Beira Rio para identificar os reparos necessários, prometendo realizar os serviços posteriormente. A pasta também informou que incluirá a varrição e capinação da areninha no cronograma de zeladoria a partir de setembro.
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