O mais recente relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), por mais um mês, contrariou as expectativas do mercado de grãos. Os preços de milho e soja subiram, mesmo diante de uma previsão de aumento na oferta. O destaque nesta sexta-feira (12/9) ficou com o milho. Os papéis do cereal para dezembro avançaram 2,44%, negociados a US$ 4,30 o bushel.
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Hoje, o USDA elevou sua previsão de safra de milho nos EUA de 425,26 milhões de toneladas para 427,11 milhões de toneladas, um recorde, contrariando as expectativas dos analistas de mercado, que esperavam um corte para 419,52 milhões de toneladas. A justificativa do órgão é de que a queda na produtividade do país tem sido compensada pelo aumento de área, estimada em 39,94 milhões de hectares – a maior desde 1936.
Na avaliação de Ismael Menezes, sócio da MD Commodities, as cotações ganharam fôlego pontual diante dos rumores de que China e EUA podem voltar à mesa de negociação para debater um acordo comercial.
Por outro lado, as previsões mais recentes do USDA colocam pressão de baixa adicional nas cotações do milho em Chicago, segundo o analista.
“Além do aumento agressivo na produtividade, você tem também os estoques nos EUA que deverão crescer 20 milhões de toneladas este ano. Vale lembrar ainda que, diferentemente da Conab, o USDA não ajustou seu número para a safra de milho do Brasil deste ano. Tem muita coisa para o mercado digerir, e olhando para isso a tendência ainda é baixa, por isso toda e qualquer oportunidade de alta deve ser aproveitada”, ressalta Menezes.
Soja
A soja se valorizou na bolsa de Chicago. Os contratos para novembro fecharam em alta de 1,23%, a US$ 10,4625 o bushel.
Os preços ganharam força mesmo após o aumento nas previsões de colheita americana. O Departamento de Agricultura dos EUA aumentou em 0,2% a previsão para a colheita no país, estimada em 117,05 milhões de toneladas. A aposta de analistas, no entanto, era para um previsão de 116,24 milhões, devido ao clima adverso registrado em algumas áreas nas últimas semanas.
Assim como no caso do milho, Ismael Menezes, da MD Commodities, atribuiu o avanço da soja às notícias de que EUA e China estariam preparando um acordo comercial.
A leitura do mercado é de que um acerto entre os países pode acelerar a demanda por soja americana, que neste momento está parada por parte dos chineses.
Mas a soja também está com viés de baixa em Chicago, devido a esse aumento na produção americana, ao início da colheita no país, e ainda com o começo dos trabalhos de plantio da safra brasileira.
Trigo
O trigo avançou na bolsa de Chicago em dia de novas projeções de oferta e demanda. Os contratos para dezembro se valorizaram 0,38%, a US$ 5,2350 o bushel.
Os dados para a produção de trigo nos EUA foram mistos para os preços. O USDA manteve a expectativa de produção no país em 52,45 milhões de toneladas e de consumo, em 31,41 milhões de toneladas.
Ao mesmo tempo, o USDA elevou a projeção para as exportações do país de 23,81 milhões para 24,49 milhões de toneladas. Com isso, a percepção de estoques finais caiu no mesmo volume, para 22,96 milhões de toneladas.