Médico, advogado e enfermeira são soltos após prisão por fraude em concurso da Polícia Civil no Ceará

Quatro suspeitos – médico, advogado, enfermeira e autônomo – de fraude em concurso da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) foram soltos em audiência de custódia, após terem sido presos no último domingo (3), em Fortaleza. O certame preenche vagas para o cargo de Oficial Investigador de Polícia (OIP).

Com isso, os quatro terão que cumprir medidas impostas pela Justiça, incluindo o comparecimento a todos os atos processuais e proibição de se ausentar da comarca de residência por um período maior de oito dias sem previamente informar a Justiça.

Os envolvidos são o médico Robson Leite Sampaio, de 32 anos; a enfermeira Raphaely Leandro da Fonseca, de 33 anos e esposa de Robson; o advogado Cícero Leandro dos Santos Belém, de 35 anos; e o autônomo Jayme de Mendonça e Silva Neto, de 37 anos. Três dos quatro suspeitos residem em Juazeiro do Norte e todos se conheciam.

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No momento da prisão, com o grupo, foram apreendidos celulares, chips, um ponto eletrônico com receptor e outros dispositivos. Eles foram conduzidos à Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) e autuados por tentativa de crime contra a fé pública.

Médico, advogado e enfermeira são soltos após prisão por fraude em concurso da Polícia Civil no Ceará

O primeiro a ser flagrado foi Jayme, que fazia a prova na Universidade Estadual do Ceará (Uece), no bairro Itaperi. A polícia chegou até ele após receber uma denúncia anônima. Durante abordagem, os fiscais perceberam que o lacre do saco de pertences estava violado e localizaram dois celulares abertos no WhatsApp. Jayme permaneceu em silêncio no depoimento.

Raphaely, por sua vez, realizava a prova no anexo do Instituto Federal de Educação (IFCE), no bairro Benfica. Fiscais a retiraram da sala e, durante revista no banheiro, encontraram um transmissor eletrônico escondido em uma sacola plástica com batatas. Na delegacia, a polícia identificou um ponto eletrônico no ouvido esquerdo da enfermeira, que foi retirado na sede da Perícia Forense (Pefoce). Questionada sobre sua relação com Jayme, também optou pelo silêncio.

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O advogado Cícero foi descoberto na Universidade Federal do Ceará (UFC), no campus do Pici, após um fiscal ouvir um chiado. Mesmo com uso de detector de metais, nada foi identificado inicialmente. Mas após o término da prova, foi encontrado um chip quebrado próximo à cadeira onde ele estava. Na abordagem, Cícero tentou descartar um papel com um número de Pix. Em depoimento, confessou que pretendia enviar fotos das questões das disciplinas de Raciocínio Lógico, Informática e Contabilidade para receber respostas. Disse desconhecer os demais envolvidos, embora seu celular tenha recebido ligações suspeitas e o número do Pix pertencesse a outro investigado.

A participação do médico Robson foi descoberta após a prisão da esposa dele, Raphaely. A polícia localizou o veículo dele estacionado em frente ao Complexo de Delegacias Especializadas (Code). No carro estavam Robson, outro médico do Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) e a esposa deste, que não estão sendo investigados.

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Robson negou envolvimento, mas admitiu que sua esposa conhecia a de Jayme. No entanto, os investigadores comprovaram ligação direta entre os suspeitos: Robson e Jayme são amigos nas redes sociais e o número Pix anotado pelo advogado Cícero pertence ao próprio Robson, que também fez ligações ao celular do advogado enquanto ele já estava detido.

Diante dos indícios, a Polícia Civil do Ceará solicitou à Justiça a quebra de sigilo dos aparelhos telefônicos dos suspeitos, com o objetivo de aprofundar as investigações sobre a tentativa de fraude no concurso.

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