Mais de 5 mil crianças aguardam por vaga em creches de Fortaleza

Fortaleza enfrenta um grave déficit na educação infantil: mais de 5 mil crianças estão na fila de espera por uma vaga em creches da rede pública municipal. A situação preocupa pais e mães que, sem ter com quem deixar os filhos, acabam impedidos de trabalhar ou se veem forçados a abrir mão da própria renda para cuidar das crianças.

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No bairro Mondubim, por exemplo, uma creche iniciada em 2023 está com as obras paradas desde outubro do ano passado. “Eu tenho que fechar a loja porque a minha esposa não tem condição de me ajudar por causa da minha filha. Desde que começou a levantar essa creche, minha filha já vai completar 4 anos e não conseguimos vaga. Tem que dormir na fila para conseguir”, desabafa o microempresário João Paulo Matias.

Casos como o de Marcelina Rodrigues, que tentou trabalhar após conseguir uma vaga, também revelam outro desafio: a falta de estrutura e regularidade no funcionamento das unidades.

“Ela ficou dois meses para que eu pudesse trabalhar, porque não tem quem fique com ela. Só que os professores faltam muito. Como vou ter compromisso com o trabalho se ela falta direto?”, questiona. Maria das Dores Teixeira também tentou uma vaga para a filha, mas se deparou com creches superlotadas. “Aí, quando surge a vaga, ela já nem fica, porque já vai fazer quatro anos, tem que ir para escola. Já não é mais creche.”

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O que disse a Prefeitura

Diante do cenário, o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, afirmou que a gestão trabalha em várias frentes para ampliar a oferta de vagas.

“Iremos lançar um grande processo de intervenção relativo à construção de centro de educação infantil em Fortaleza. Até o final da gestão, serão 25 novos centros de educação infantil, funcionando em tempo integral”, garantiu. O secretário municipal da Educação, Idilvan Alencar, reforçou a estratégia da prefeitura: “Não é só inaugurar CEIs. Já abrimos 1.800 vagas em creches conveniadas. Estamos ampliando os CEIs já existentes. Pegamos salas sem uso em vários CEIs e transformamos em salas de aula, gerando 500 novas vagas.”

Apesar dos anúncios, parte das famílias segue sem perspectiva de solução imediata, especialmente em áreas onde as obras continuam paralisadas.

“Temos duas lá no Conjunto Ceará, uma no Jangurussu, uma no Alto Nunes, e outras como a Luciano Carneiro sendo retomadas. Mas o Mondubim, por enquanto, não está entre elas”, reconheceu o prefeito. A situação contrasta com novas estruturas que começam a funcionar, como o CEI Otacílio de Sá Pereira Bessa, na Parangaba, onde 180 crianças foram acolhidas. “A estrutura não se compara. A alegria que eu estou, a felicidade de receber um prédio novinho, do menino estudar aqui… passar o dia, alimentação, a convivência com os professores. É ótimo”, comemora Morgirlane Lisboa, mãe de uma das alunas.

Enquanto esperam por vagas, milhares de famílias seguem se desdobrando para conciliar trabalho e cuidados com os filhos. “Eu e minha esposa vivemos mais em casa, trabalhando em casa. Ela optou por não procurar emprego porque a criança depende muito dela”, relatou o autônomo Ricardo Oliveira.

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