
O frigorífico Minerva encerrou o segundo trimestre de 2025 com um lucro líquido de R$ 458,3 milhões, uma alta de 4,8 vezes (380,2%) sobre igual período do ano passado. Segundo a companhia, o desempenho é reflexo da presença internacional da Minerva, que tem 60% de sua receita bruta com origem fora do Brasil, e da demanda forte por carne bovina no mercado internacional.
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O resultado foi divulgado após o fechamento do mercado. Nesta quarta-feira (6/8), as ações da empresa de carnes subiram 7,29% na B3.
“O ciclo pecuário negativo nos EUA continua limitando a oferta doméstica, o que abre espaço para exportadores sul-americanos ampliarem sua participação no mercado americano”, afirmou a empresa em comunicado. Os EUA responderam por 19% da receita com exportações no trimestre.
Mesmo com a entrada em vigor ontem da tarifa de 50% que Washington aplicou sobre produtos brasileiros, incluindo a carne bovina, a companhia continuará atendendo o mercado americano a partir de suas plantas no Paraguai, na Argentina e no Uruguai, disse Edison Ticle, diretor financeiro da Minerva.
“A princípio não estamos vendo impacto na receita, nem na rentabilidade. Pelo contrário, acreditamos que o cenário é positivo porque os preços internos de carne nos EUA devem subir”, observou o executivo. Na comparação com o ano passado, a Minerva aumentou em R$ 2 bilhões os estoques de carne bovina no país, sendo R$ 979,8 milhões só no último trimestre.
Os volumes de carne da Minerva produzidos no Brasil que seriam direcionados aos EUA agora serão deslocados para Europa, China e Oriente Médio, segundo ele.
A Minerva também vem ampliando as vendas à China, que no segundo trimestre representou 17% da receita de exportações da companhia. “A retomada da demanda chinesa, impulsionada por níveis baixos de estoques, continua sustentando os volumes e os preços no mercado de proteína bovina”, afirmou a empresa.
A receita líquida alcançou R$ 13,9 bilhões, um recorde para um segundo trimestre, e 81,6% de alta sobre o mesmo período de 2024. O lucro antes de juros, impostos e amortizações (Ebitda) cresceu 74,9%, a R$ 1,3 bilhão, também um recorde. No Brasil, o abate de gado cresceu 36%, para 1,5 milhão de cabeças.
No lado financeiro, a companhia encerrou o trimestre com uma alavancagem (dívida líquida sobre Ebitda) de 3,16 vezes, levemente acima do registrado um ano antes, mas abaixo das 3,7 vezes do primeiro trimestre. O indicador subiu por causa da compra das 13 plantas da Marfrig concluída no ano passado no Brasil, Chile e Argentina. Outras três unidades que fazem parte do negócio seguem em análise das autoridades locais no Uruguai.
“Havia aquela dúvida do mercado sobre termos alavancado a companhia e quanto tempo demoraríamos para desalavancar. Neste trimestre, já deu para ver que foi [resolvido] em praticamente três trimestres, não só com a geração de caixa operacional, mas também pela operação de aumento de capital que fizemos e que foi um sucesso”, disse Ticle.
Em abril , a Minerva propôs aos acionistas um aumento de capital de R$ 2 bilhões com emissão de 386,8 milhões de novas ações ordinárias, e a atribuição de 193,4 milhões de bônus de subscrição como vantagem adicional. Em junho, levantou R$ 1,715 bilhão apenas com o aporte de acionistas que detinham o direito de preferência na aquisição das novas ações.
Em julho, o conselho de administração aprovou a homologação com um novo aumento em seu capital, de R$ 1,85 bilhão, e ressaltou que mais subscrições vão continuar a ocorrer até 2028.