A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) avaliou que a lista de isenções às tarifas dos Estados Unidos, com quase 700 itens, é “limitada para alimentos” e que a taxação pode gerar distorções na atual dinâmica das cadeias de valor.

Uma eventual retração de 10% no volume de exportações de alimentos para os EUA poderia resultar em até US$ 570 milhoes a menos no faturamento anual da indústria do setor, afirmou a Abia.

De acordo com a entidade, o tarifaço de Donald Trump poderá causar forte impacto nas exportações de produtos que desempenham papel vital “na segurança alimentar e na estabilidade dos preços no próprio país importador”. A Abia ressaltou que a imposição de altas tarifas sobre carnes, cafés e óleos vegetais “reflete uma assimetria que prejudica a previsibilidade do comércio bilateral e gera distorções nas cadeias de valor”.

A associação avaliou como correta a isenção para o suco de laranja, com quase US$ 750 milhões exportados no primeiro semestre de 2025. “Por outro lado, o alto grau de dependência do mercado americano pelas carnes bovinas brasileiras, que ultrapassaram US$ 1 bilhão em exportações no mesmo período, não foi determinante para a isenção a essa categoria, o que poderá causar impactos profundos não apenas sobre os exportadores brasileiros, mas também sobre a competitividade e a estabilidade de preços no mercado norte-americano”, disse a Abia, em comunicado.

Segundo a entidade, a aplicação da tarifa de 50% aos alimentos industrializados que ficaram de fora da lista de exceções poderá representar um impacto potencial bilionário ao comércio bilateral. Com base nas exportações brasileiras aos EUA no primeiro semestre de 2025, de US$ 2,83 bilhões, a Abia calculou que a diminuição hipotética de 10% no volume exportado pelas empresas brasileiras aos norte-americanos resultaria em perdas de até US$ 570 milhões anuais em receitas externas.

“Como consequência, os postos de trabalho ao longo da cadeia produtiva também seriam impactados. A entidade fará o acompanhamento dos desdobramentos com diligência para avaliar as consequências na prática”, completou, na nota.