As 25 linhas de ônibus que estavam suspensas desde a última segunda-feira (29) voltaram a operar em Fortaleza na manhã desta quarta-feira (1º). O anúncio foi feito pelo prefeito Evandro Leitão e confirmado em nota pelo Sindiônibus.

Nos terminais do Antônio Bezerra e da Parangaba, pontos mais afetados pela suspensão, a movimentação foi intensa, mas dentro da normalidade, segundo relatos de passageiros e registro das equipes de reportagem da TV Cidade.

>>>Clique aqui para seguir o canal do GCMAIS no WhatsApp<<<

Terminal do Antônio Bezerra

No Antônio Bezerra, linhas como a 200 (Antônio Bezerra/Centro) e a 91 (Expresso/Ant. Bezerra/Parangaba), que haviam sido suspensas, já circulavam normalmente. Passageiros relataram que, durante os dois dias de paralisação, precisaram recorrer a outras linhas e até a transportes por aplicativo para chegar ao destino.

O passageiro Rony destacou que a situação reflete uma crise maior no transporte público da capital.

“Não precisa ter um evento desse pra realmente ter problema com ônibus. Lotação é algo que sempre acontece. É uma situação muito complicada porque acredito que isso mostra um pouco de uma crise que esteja tendo do transporte público de Fortaleza. Teve o fechamento da empresa Santa Cecília há poucos meses atrás. Agora veio essa paralisação sem nenhum aviso prévio. Então muita gente teve muito problema para chegar ao trabalho”, destacou.

Ele também mencionou um estudo realizado pela Prefeitura de Fortaleza em novembro do ano passado revelou que a tarifa atual de ônibus, no valor de R$ 4,50, está significativamente abaixo do valor considerado ideal para cobrir todos os custos do serviço.

“E ainda tem uma pesquisa recente falando sobre um possível valor real sobre o valor das passagens, que seria de R$ 7,20 mais ou menos. Então acredito que a ideia de que muitos queiram uma passagem gratuita seja um cenário muito utópico, né? Então acredito que sim, o transporte público está tendo uma crise, né? Nós devemos cobrar, sim, e muito provavelmente essa não vai ser a primeira vez, terá outras vezes, mas muito complicada a situação”, disse o usuário do transporte público de Fortaleza.

 

Terminal da Parangaba

Na Parangaba, onde na terça-feira (30) foram registradas aglomerações e ônibus lotados, o cenário nesta quarta-feira (1º) era de filas, mas com fluxo constante. Linhas importantes, como a 091 (Parangaba/Antônio Bezerra), voltaram a circular, trazendo alívio aos passageiros que haviam sido prejudicados.

A linha 513 (Parangaba/Ex-Luciano Carneiro), bastante utilizada por estudantes, foi impactada com a suspensão.

Além da 513, a 307 (Parangaba/Itaoca/Jardim América/Centro) também foi retomada, beneficiando principalmente estudantes e trabalhadores da região.

Sobre o anúncio do prefeito de Fortaleza

O prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, anunciou, na tarde desta terça-feira (30), que as 25 linhas de ônibus suspensas desde a última segunda-feira (29) voltarão a circular a partir desta quarta-feira (1º). O comunicado foi feito durante a inauguração do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Serviluz.

“Ontem todos nós fomos pegos de surpresa, a população de Fortaleza foi pega de surpresa, quando o Sindicato dos ônibus excluiu um total de 25 linhas, refazendo 29 trechos. Nós não aceitamos. Estávamos em tratativa e fomos surpreendidos, tanto quanto a população. Quero anunciar que amanhã os ônibus estarão retornando para todos esses trechos e linhas que foram retiradas”, declarou o gestor.

Na manhã do mesmo dia, Evandro Leitão havia informado que a Prefeitura estudava a incorporação de vans e topics ao transporte coletivo, como forma de suprir a demanda de usuários afetados pela retirada das linhas.

“Nós estamos trabalhando para suprir essa ação desrespeitosa com a população fortalezense de outra forma, com o transporte complementar, para que a população não fique desassistida”, afirmou, durante a entrega do posto de saúde Maciel de Brito, no bairro Conjunto Ceará.

>>>Acompanhe o GCMAIS no YouTube<<<

Crise financeira no sistema

O Sindiônibus, por sua vez, justificou a suspensão alegando dificuldades financeiras. Segundo o presidente da instituição, Dimas Barreira, falta cerca de R$ 7 milhões por mês para o fechamento das contas do transporte coletivo. Atualmente, a Prefeitura repassa em torno de R$ 16 milhões mensais, mas, de acordo com Barreira, o saldo permanece negativo.

Ainda na segunda-feira (29), o sindicato informou que já havia protocolado junto à Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) um documento alertando sobre a necessidade de medidas para manter o funcionamento do sistema, diante de um “cenário de desequilíbrio financeiro” enfrentado pelas empresas.

>>Siga o GCMAIS no Google Notícias<<<

A decisão resultou em mais de 50 alterações nas linhas de ônibus da capital, o que surpreendeu passageiros e também a própria Etufor. “Essa diminuição dos serviços é uma decisão unilateral do Sindiônibus, que nos pegou de surpresa, porque em novembro é a data-base da discussão do equilíbrio tarifário, de uma nova tarifa e de novo subsídio. Muito próxima dessa data, nós não concordamos nem orientamos essa medida”, declarou George Dantas, presidente do órgão.

Leia também | Estudantes fecham avenida em protesto por corte de linhas de ônibus em Fortaleza