
O segundo leilão de recursos do programa EcoInvest, linha de “blended finance” dentro do Fundo Clima voltado para a recuperação de áreas degradadas, registrou uma demanda de R$ 17,3 bilhões em recursos catalíticos apresentados por 11 instituições financeiras. Segundo o Ministério da Fazenda, esses recursos têm potencial para mobilizar R$ 31,4 bilhões em investimentos.
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O montante ficou bem acima do esperado pelo governo, que acreditava conseguir mobilizar R$ 10 bilhões para ofertar aos produtores rurais quando lançou o edital, em abril. A demanda representa o quanto os bancos preveem captar no mercado financeiro para complementar o recurso do Tesouro Nacional.
Segundo a Fazenda, do total de recursos demandado, R$ 16,5 bilhões foram contemplados por meio da linha pública de capital catalítico, o que deve resultar em uma oferta de R$ 30,2 bilhões para os investimentos.
Custo e limite
Ainda está em aberto, porém, qual deverá ser a taxa de juros na ponta. Embora seja uma linha de blended finance, o que pressupõe um custo financeiro abaixo do mercado, há preocupações sobre qual deverá ser o custo para os produtores, já que a Selic continua historicamente elevada.
Também não foi definido até o momento um limite para os tomadores de crédito. Sem uma limitação, há o risco de que as instituições financeiras prefiram dar crédito apenas aos grandes produtores para mitigar risco, segundo uma fonte envolvida no tema.
Há a preocupação ainda com o cumprimento da exigência de concessão de 10% do crédito do programa para projetos na Caatinga. Uma das saídas poderá ser a inclusão de aviários do bioma, que podem repassar os recursos para seus fornecedores de milho.
A discussão sobre a operacionalização da linha deverá contar com apoio técnico da Febraban e da Embrapa.
Impacto ambiental
Inicialmente, a projeção é de que os recursos que poderão ser mobilizados permitam a recuperação de 1,4 milhão de hectares de áreas degradadas dentro do programa Caminho Verde Brasil, do Ministério da Agricultura, no qual o EcoInvest é uma das formas de financiamento.
“O Caminho Verde Brasil cria condições para um aumento expressivo da produção de alimentos com certificação de sustentabilidade, para expandir as exportações para novos mercados, além de preservar matas nativas”, disse Carlos Augustin, coordenador do Caminho Verde Brasil, em comunicado do Ministério da Agricultura.
Os produtores rurais que receberem os recursos terão de se comprometer a não realizar nenhum desmatamento em suas propriedades em até dez anos, mesmo que permitido por lei.
Próximos passos
Os recursos deverão ser desembolsados ao longo de 2025, 2026 e 2027. Para isso, o comitê interministerial do programa precisa agora homologar os resultados e distribuir os recursos entre as instituições financeiras.
As instituições apresentaram suas propostas até 21 de julho. Das 11 instituições demandantes, três não haviam participado do primeiro leilão do EcoInvest, que foi feito para projetos sustentáveis em geral.
O leilão teve apoio técnico do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Embaixada do Reino Unido no Brasil. “Com este leilão, estimamos a recuperação de uma área equivalente a quase três vezes o tamanho do Distrito Federal e geração de mais de 170 mil empregos” afirmou Ilan Goldfajn, presidente do BID, em nota do Ministério da Fazenda.
Saiba-mais taboola
O leilão prevê agora novas rodadas de captação, voltadas à atração de equity e ao financiamento de projetos na Amazônia Legal. Segundo o Ministério da Fazenda, as duas captações estão previstas para o segundo semestre deste ano.
Além da concessão dos recursos via EcoInvest, o Ministério da Agricultura também estuda a possibilidade de atrair equity de investidores estrangeiros para investimentos em conversão de áreas degradadas, como adiantou a reportagem em abril.
Agora, a Pasta também estuda viabilizar o uso de contratos de barter com agentes nacionais e estrangeiros para esse propósito.