O empresário Maurilio Biagi Filho, ex-usineiro e dono da holding Maubisa, disse que recebeu com tristeza a notícia de que a Raízen está fechando a Usina Santa Elisa, em Sertãozinho (SP), onde ele nasceu, cresceu e dirigiu a indústria, antes de vendê-la para a Louis Dreyfus Company (LDC) em 2008.
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“Lá, vivi grandes momentos da minha vida: iniciei minha trajetória profissional atrás do balcão do armazém, passei por todos os setores, da indústria à presidência, e pude liderar sua transformação em uma das maiores empresas do setor sucroenergético no mundo, tanto em inovação quanto em produção”, recordou Biagi Filho, em nota.
A usina foi comprada por sua família em 1936 e, após sucessivas expansões nas décadas de 1970 e 1980, tornou-se em 1998 a maior usina do mundo em capacidade instalada, com mais de 7 milhões de toneladas.
Segundo o empresário, “a Usina Santa Elisa representa um patrimônio imaterial valioso — de memória, de pertencimento, de vínculos afetivos e sociais”. “A Santa Elisa foi uma escola de formação profissional e humana para milhares de colaboradores, muitos dos quais ajudaram a construir não só essa empresa, mas outras que nasceram a partir dela”, ressaltou.
“Acredito na força de reinvenção da nossa região e confio que, com diálogo, sensibilidade e responsabilidade, será possível encontrar novos caminhos e equalizar essa situação. Tenho a convicção que os atuais proprietários tomaram a decisão certa para o momento, com todo o cuidado e respeito pelas partes envolvidas”, continuou.
Ele afirmou ainda que os atuais donos — a Raízen — “sempre agiram para comigo com muita fidalguia, com total consideração a mim e a todo esse legado”.
“Torço para que os impactos dessa decisão sejam os menores possíveis, especialmente para os trabalhadores, fornecedores e para toda a comunidade local”, acrescentou.
Contratos
A Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canoeste) disse que a Raízen em breve terá um encontro com os produtores de cana que tinham contratos de fornecimento de cana para a Usina Santa Elisa “para explicar, acolher e assegurar os contratos”.
“A prioridade da Canaoeste neste momento é garantir que os nossos associados tenham seus contratos respeitados e possam seguir com suas atividades de maneira segura e sustentável”, afirmou Almir Torcato, diretor-executivo da Canaoeste em nota.
Associação disse que iniciou uma organização interna junto aos associados com contratos vigentes com a unidade “para garantir que seus direitos sejam preservados e que a transição ocorra com a máxima transparência e segurança jurídica”.
A Raízen vendeu para seis usinas as áreas próprias e repassou contratos de arrendamento e fornecimento que davam conta de 3,6 milhões de toneladas de cana que iriam abastecer a Usina Santa Elisa nesta safra.
A Canoeste ressaltou que os seis compradores — Usina Alta Mogiana, Usina Bazan, Usina Batatais, São Martinho, Pitangueiras e Viralcool — “são empresas tradicionais e reconhecidas pela atuação responsável e comprometida com o setor bioenergético”.