Com menor receita e margens pressionadas, a Kepler Weber encerrou o segundo trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 14,4 milhões, uma queda de 61,1% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem líquida caiu 6,7 pontos percentuais, para 4,6%.
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O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 37,9 milhões, com margem de 12,2% — abaixo dos R$ 63,3 milhões e 19,3% registrados um ano antes. Já a receita operacional líquida recuou 5,1% na comparação anual, para R$ 311,1 milhões.
Segundo Bernardo Osborn Nogueira, CEO da companhia, o resultado já era esperado e reflete um cenário de retração nos preços das commodities e aumento dos juros, que passaram de 10,5% em junho de 2024 para 15% em 2025.
Apesar do trimestre mais fraco, Nogueira afirma que as perspectivas para o restante do ano são positivas. A carteira contratada de pedidos está 13,8% maior em relação a igual período de 2024, e apenas o mês de junho concentrou 56% do Ebitda do trimestre, o que indica uma retomada dos negócios. “Tradicionalmente, os dois últimos trimestres são mais aquecidos, além disso essa carteira está bem robusta e dividida, mostrando o movimento estratégico da companhia de diversificar frentes de atuação”, afirmou o executivo.
Renato Arroyo, diretor financeiro e de relações com investidores, voltou a dizer que “na última vez que a Selic estava na casa dos 14%, entre 2015 e 2017, a margem era negativa. Agora está em 15% — o que mostra que a companhia alcançou um novo patamar de rentabilidade”.
Arroyou também afirmou que o Plano Safra trouxe recursos acima do esperado no PCA, com R$ 8,2 bilhões, ainda que os juros não sejam convidativos a investimentos pelos produtores. “Resta saber se os recursos chegarão na ponta”, disse.
No semestre, o lucro líquido da Kepler Weber caiu 55,2%, para R$ 39,9 milhões, e a receita operacional, 5,6%, para R$ 668,3 milhões.
Entre os destaques do período, Nogueira afirmou que estão os negócios de reposição e serviços, que cresceram 18,4% e os negócios internacionais, com alta de 2,9%.
Como mostrou o Valor há cerca de um mês, o time comercial da empresa e o CEO visitaram vários clientes na Argentina para confirmar a tese de que as empresas do país estão mais dispostas a investir, diante da melhoria econômica. “A safra da Argentina é do tamanho da de Mato Grosso e eles têm uma infraestrutura de armazenagem sucateada, que nos traz muitas oportunidades”, disse o CEO. A receita proveniente da Argentina passou de zero no início do ano para 30% nos negócios internacionais em junho.
Nas demais frentes de atuação da empresa, o resultado operacional de portos e terminais caiu 69,9% no semestre e a área da agroindústria cresceu 1,9%.
No segmento de fazendas, a queda foi 3,4% no semestre, em um contexto de juros elevados e preço da soja menos favorável que em 2023. Apesar disso, a companhia destaca que houve um aumento de 32,9% no número de clientes faturados em relação ao segundo trimestre de 2024. “Os negócios ficaram mais pulverizados, mas com um tíquete médio menor”, esclareceu Nogueira.
Os executivos ainda acresceram que a Kepler terá outras frentes de monetização de dados nos próximos meses, nos moldes que anunciaram com a XP Investimentos em abril. Pelo acordo, os clientes da Procer – empresa de gestão de dados da Kepler – serão prospectados para utilizar serviços da corretora, como operações de hedge, gestão de caixa e investimentos. “Temos seis ou sete pilotos com grandes players da cadeia acontecendo, desde seguradoras, tradings, até empresas de logística”, afirmou Nogueira.
Ainda sobre a Procer, depois de anunciar há dois dias a compra de novas ações, o executivo lembrou que o contrato de compra do controle, em 2022, já previa que a Kepler adquirisse aos poucos novas ações dos fundadores até atingir a totalidade em 2028.