
A Kepler Weber encerrou o terceiro trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 51,6 milhões, uma queda de 13,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem líquida caiu 1,4 ponto percentual, para 12,2%, refletindo um cenário mais desafiador para o setor e uma base comparativa elevada em 2024.
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Apesar dos números, Bernardo Nogueira, CEO da empresa, ressaltou a recuperação frente ao segundo trimestre, quando o lucro havia sido de R$ 14,4 milhões. Segundo ele, o desempenho marca uma retomada gradual do ritmo de vendas e entregas e dá a perspectiva de estabilidade no consolidado de 2025.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 73,6 milhões, com margem de 17,4%, abaixo dos R$ 92,9 milhões e 21,2% registrados um ano antes. A receita operacional líquida foi de R$ 423,3 milhões, uma retração de 3,6% na comparação anual, mas com alta de 36,1% frente ao segundo trimestre.
No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o lucro líquido totalizou R$ 91,5 milhões, queda de 38,5% em relação ao mesmo intervalo de 2024. A receita líquida consolidada foi de R$ 1,09 bilhão, recuo de 4,8% na mesma base de comparação.
“Nosso desempenho, medido pelo lucro, foi pressionado por preços. Diante de juros elevados e pouco crédito disponível, nosso cliente briga para ter descontos”, explicou Renato Arroyo, diretor financeiro e de relações com investidores da companhia.
Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber
Marcelo Nadalon/Divulgação
Bernardo Nogueira mantém a tese, repetida inúmeras vezes, de que o negócio da Kepler se sustenta por três pilares: déficit estrutural de armazenagem no país, diversificação das áreas de atuação e controle de despesas. “Depois de o produtor investir em áreas de expansão e na produtividade da terra, agora é a vez da armazenagem, sistemas de irrigação e/ou frota.”
Desempenho por segmentos
Entre os segmentos com melhor desempenho no trimestre estão Portos e Terminais, com crescimento de 97,4% na receita, e Negócios Internacionais, que avançaram 23,6%, puxados pelas vendas para a Argentina. O país virou foco da empresa desde o ano passado após reformas políticas e econômicas, e já representa 17% das vendas internacionais, frente a 3% no mesmo período do ano anterior.
Além da Argentina, a Kepler também fechou no trimestre o maior projeto internacional de sua história, com destino à Venezuela, voltado para uma agroindústria de arroz. “O pagamento foi antecipado integralmente” , ressaltou Nogueira.
O segmento de Reposição e Serviços também apresentou crescimento, com alta de 10,8% na receita. Já os segmentos de Fazendas e Agroindústrias registraram retrações de 3,2% e 30,6%, respectivamente. A empresa atribui os resultados às estiagens na Região Sul, à restrição de crédito rural e à forte base de comparação do terceiro trimestre de 2024.
“Mesmo em um ano de juros altos e crédito restrito, ampliamos a base de clientes em 13% no trimestre e 9% no acumulado do ano, com vendas mais pulverizadas”, disse Nogueira.
Para 2026, a indicação é de um pipeline de pedidos mais robusto. Os projetos incluem desde pequenas ampliações de armazéns de cooperativas e produtores médios até grandes plantas industriais voltadas ao processamento de grãos e à produção de etanol e biodiesel.
Outra frente de longo prazo é a pecuária. “Estamos pensando em uma mini industrialização de DDG [subproduto da produção de etanol, que pode ser usado para confinamento]”, antecipou o CEO, sem dar mais detalhes.
Saiba-mais taboola
Em relação a outros projetos, Nogueira afirmou que está em negociação com empresas de logística, tradings e seguradoras para criar parcerias nos moldes que tem com a XP Investimentos. Pelo acordo, os clientes da Procer – área de tecnificação da Kepler – serão prospectados para utilizar serviços da corretora. O contrato prevê remuneração por performance.
“Vamos medir juntos o valor que os dados da Procer e da empresa parceira estão gerando uma para o outro. Este ano, anunciaremos dois ou três”, afirmou.
Em relação às despesas gerais e administrativas, o balanço da Kepler trouxe uma queda de 3% no trimestre e 4% no acumulado do ano. O retorno sobre o capital investido (ROIC) foi de 21%, abaixo dos 42,1% registrados um ano antes, mas considerado saudável pela companhia.
A posição de caixa líquido positivo foi de R$ 31,1 milhões, mesmo após o pagamento de R$ 95 milhões em proventos nos nove primeiros meses do ano, o que representa um payout de 103,8%.






