Após receber propostas da CNA para o novo plano, secretário de Política Agrícola Guilherme Campos afirmou que a principal dificuldade na construção do próximo Plano Safra é o nível dos juros no país O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Campos, afirmou na quinta-feira (24) que a principal dificuldade na construção do próximo Plano Safra, o 2025/26, é o nível dos juros no país. Ao receber sugestões elaboradas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para o crédito rural na temporada 2025/26, ele disse que vai buscar a melhor proposta “possível” para os produtores diante da situação econômica atual.
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“Precisamos construir juntos o Plano Safra diante das dificuldades que teremos neste ano, principalmente referente às taxas de juros, para que possamos levar ao produtor rural a melhor proposta de Plano Safra possível”, disse após reunião com dirigentes da CNA. “A grande dificuldade é a questão da taxa de juros. Ela tem um impacto direto e que foge do controle de quem está na produção”.
Campos afirmou que a escalada da Selic, que saiu de 10,5% em julho de 2024, quando entrou em vigor o Plano Safra 2024/25, para 14,25% atualmente, impacta o orçamento destinado à equalização dos juros do crédito rural. A verba destinada para a subvenção das alíquotas em 2025 é de R$ 14 bilhões, mais o crédito extraordinário de R$ 4,1 bilhões aberto em fevereiro por medida provisória. Mesmo assim, a previsão de novas altas na taxa básica, para até 15% ainda neste ano segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta semana, pressiona ainda mais o caixa da União.
No documento entregue ao secretário Campos, a CNA pediu que o próximo Plano Safra (2025/26), que entrará em vigor em julho, tenha R$ 594 bilhões em recursos para financiamentos de pequenos, médios e grandes produtores. O montante é quase 25% maior que os R$ 477 bilhões da temporada 2024/25.
A entidade também apontou a necessidade de ampliação do orçamento para a equalização de juros do crédito rural, dos atuais R$ 14 bilhões para R$ 25 bilhões, para possibilitar a expansão do montante total ofertado na próxima safra. A CNA não fez indicação sobre os juros pretendidos.
Uma das preocupações apontadas pela CNA no documento entregue ao governo é acerca do orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). A verba ficou em R$ 1,06 bilhão para 2025, e a entidade pede R$ 4 bilhões, com migração de parte do público e dos recursos previstos no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), gerido pelo Banco Central.
“No desenho atual do seguro, temos o Proagro e o PSR. Nossa ideia é fazer uma proposta que venha a dar abrangência maior para o seguro, com maior área e maior número de produtores, dando característica mais nacional para o seguro”, disse Guilherme Campos.
O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, reconheceu a dificuldade do governo de expandir o orçamento federal para a equalização de juros do Plano Safra em momento de alta da Selic. A proposta apresentada pela entidade, disse ele, aponta caminhos para a retirada de burocracias e custos adicionais que podem reduzir o preço final do dinheiro ao produtor rural.
“Queremos trabalhar nesse Plano Safra medidas que vão reduzir burocracias, que vão trazer a gestão de risco como priorização. São questões que fogem do orçamento, mas temos um espaço muito amplo para trabalhar medidas que vão trazer mais competitividade, fazendo com que a política pública que é importantíssima chegue ao produtor sem se perder ao longo do processo com custo de transações”, disse após entregar as propostas ao Ministério.
Além disso, a entidade sugeriu avanços em estratégias diferenciadas para compor o funding de financiamento do setor sem a dependência do orçamento da União, como atração de recursos privados e linhas em dólar para públicos específicos.
Na avaliação de Bruno Lucchi, o ambiente macroeconômico complexo este ano “pode afetar muito no custo de produção dos produtores, seja pelo aumento do dólar ou pelas questões geopolíticas como um todo que podem afetar os preços dos insumos”.