Em entrevista à Rádio Jovem Pan News Fortaleza nesta segunda-feira (16), a psicopedagoga e gestora escolar Janinne Mourão, com mais de 20 anos de experiência na área da educação, abordou um conceito cada vez mais debatido entre especialistas: as janelas de aprendizagem. Segundo a especialista, essas janelas são períodos sensíveis no desenvolvimento infantil, momentos em que o cérebro está mais receptivo à aquisição de determinadas habilidades, como linguagem, coordenação motora e socialização.
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“São momentos em que a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade que o cérebro tem de criar mais conexões, está em alta”, explicou. Janinne destacou que respeitar esses períodos é essencial para o bom desenvolvimento das crianças e alertou sobre os riscos de forçar o aprendizado fora do tempo adequado.
“Cada criança tem um ritmo próprio. Existe o tempo biológico, emocional e cognitivo para que as habilidades se desenvolvam. Quando antecipamos de forma inadequada ou comparamos excessivamente, podemos gerar frustrações, ansiedades e até bloqueio no processo ensino-aprendizagem”, afirmou.
Ela chama atenção para um comportamento comum entre pais e responsáveis: as comparações com irmãos, primos ou colegas. “O pai compara às vezes com o irmão mais velho, com o vizinho, com o primo. A gente não pode fazer isso. A gente precisa respeitar acompanhando os marcos do desenvolvimento”, alertou.
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Janelas de aprendizagem na educação
No papel das instituições de ensino, Janinne defende que a escola tem a missão de promover vivências adequadas à faixa etária das crianças, respeitando seu tempo de desenvolvimento. “É preciso planejar atividades alinhadas ao estágio do desenvolvimento de cada faixa etária, promovendo estímulos adequados, criando um ambiente seguro e afetivo”, explicou. Ela citou o trabalho realizado em sua própria escola, que utiliza atividades lúdicas e estímulos multissensoriais na educação infantil.
A especialista também reforçou que a responsabilidade pela educação das crianças não é exclusivamente da escola. Segundo ela, a base de todo o desenvolvimento começa no ambiente familiar. “A família é a primeira casa, a primeira escola. Oferecendo um ambiente seguro, com diálogo e com estímulos naturais, brincadeiras ao ar livre, contação de história, conversas que possam potencializar o desenvolvimento e estímulos dessa criança”, afirmou.
Mãe de uma criança atípica, Janinne compartilhou ainda sua experiência pessoal e como isso influenciou sua atuação como educadora. “Ser mãe do Ricardo, uma criança atípica, me trouxe ainda mais sensibilidade no processo de respeitar e compreender esses marcos. Aprendi que cada pequena conquista tem um valor imenso e que o desenvolvimento não deve ser uma corrida de quem chega primeiro, mas sim uma jornada única com suas próprias vitórias”, relatou.
Janinne Mourão é psicopedagoga e gestora escolar com mais de 20 anos de experiência na área da educação. É Diretora do Complexo Educacional Primeiro de Janeiro (Colégio, Escola Técnica e Faculdade), em Crateús/CE. Ao longo de sua trajetória, tem se dedicado ao desenvolvimento de práticas educacionais que combinam estímulos lúdicos e multissensoriais voltados especialmente para a infância, com foco na inclusão, respeito aos ritmos individuais dos alunos e fortalecimento do vínculo afetivo na escola e no ambiente familiar.
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